domingo, 18 de março de 2012

Após uma década, Porto do Pecém prepara reviravolta na economia

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Terminal portuário: logística é palavra-chave para o desenvolvimento
FOTO: TUNO VIEIRA
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Equipamento completa dez anos de operação com a projeção de gerar desenvolvimento ao Estado no futuro

Era março de 2002. Depois de um investimento de aproximadamente R$ 400 milhões e quase seis anos de obras (três a mais do que se esperava), inaugurava-se aquele que já era apontado como o maior empreendimento da história do Ceará (maior ainda do que o Castanhão): o Terminal Portuário do Pecém.

Era locomotiva da economia cearense, pensava-se. E assim, de fato, vem sendo. Hoje, 10 anos depois, o porto segue em constante transformação, buscando se adequar às novas demandas de mercado, à nova realidade econômica local. Uma realidade, contudo, semelhante ao que se esperava existir já para aqueles idos de 2002.

"O valor maior desta obra é que ela vai trazer atrás de si várias outras que, por sua vez, criarão milhares de empregos em todo o Estado do Ceará", previa o então governador Tasso Jereissati, ainda em maio de 1996, quando assinava a ordem de serviço para as obras do porto. Segundo ele, à época, o novo terminal portuário do Ceará surgiriam como "uma porta aberta para a criação de indústrias e para uma agricultura moderna".

Ao longo destes anos, claramente, a nova região portuária foi se tornando "a menina dos olhos" dos investidores interessados em terras cearenses.

Missão de revolucionar

Foi então constituído o Complexo Industrial e Portuário do Pecém para abrigar os empreendimentos que trariam em seu bojo a missão de revolucionar a economia local, em especial as tão sonhadas usinas de refino e siderurgia, que surgiriam como indústrias estruturantes, responsáveis pela atração de novos negócios. A expectativa era de que o porto atendesse, desde o início, às movimentações a refinaria e a siderúrgica, que só agora, dez anos depois, começam a serem encaminhadas.

"Existem duas razões para se construir um porto: por decisões políticas ou por necessidades econômicas. Quando uma região é muito produtora, que exige uma porta de escoamento dessa produção, para exportação e também por necessidade de importação, surge a necessidade de um porto. Mas, às vezes, a região é extremamente pobre, e precisa de um ´input´. Daí, construir um porto pode ser uma decisão política para incentivar o desenvolvimento desta localidade. Este foi o caso do Ceará. Foi para criar uma movimentação que não era natural", relembra o presidente da Cearáportos - empresa administradora do Porto do Pecém-, Erasmo Pitombeira. Ele, professor doutor em Hidráulica Marinha, deu assessoria ao projeto de criação do porto.

Logística

Logística é palavra-chave para o desenvolvimento econômico, isso é afirmado e reafirmado por cada investidor que busca novos horizontes para seus negócios. E, hoje, a economia cearense - ainda frágil, com apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, mas que começa a despertar - está umbilicalmente ligada ao que representa e ao que pode vir a representar o Porto do Pecém. "O porto é saída. Tudo o que tiver que acontecer de desenvolvimento do Estado passa pelo porto. Ele puxa a construção civil, comércio, moradia, urbanização, investimento direto e emprego", defende Pitombeira.

Desenvolvimento

O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Roberto Smith, é otimista ao falar sobre o futuro que o Terminal Portuário do Pecém poderá proporcionar ao desenvolvimento estadual.

"O Ceará não tinha condições nenhuma de costa adequada pra fazer um porto, então veio uma decisão visionária de criar o terminal no Pecém, um porto ´off shore´ (fora da costa). Estamos agora no limiar de uma grande reviravolta da economia cearense", acredita Smith.

Novas intervenções vão demandar R$ 2 bilhões

Dez anos depois, o Porto do Pecém começa a se adequar para desempenhar o que seria sua função desde sua concepção: um porto preparado para receber as movimentações de uma refinaria e uma siderúrgica. Como as atividades do terminal foram se voltando para outros setores ao longo da década, e como também os projetos de tais empreendimentos acabaram se alterando, o porto receberá aportes financeiros da ordem de R$ 2 bilhões até 2016 para ganhar uma configuração compatível com as novas demandas.

E as primeiras obras desta que será a segunda ampliação do porto só estão à espera da Licença de Instalação do Ibama para serem iniciadas. A licitação já foi finalizada e o projeto prevê, num custo de R$ 568 milhões, ampliar o Terminal de Múltiplos Usos (Tmut) para construir novos berços que serão usados para exportação de placas de aço da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e, provisoriamente, para escoamento de cargas vindas da Transnordestina.

Programadas para ainda janeiro passado, as obras deverão ter duração de 30 meses. Elas consistem ainda na construção de uma nova ponte de acesso ao terminal. Além da CSP, a nova ampliação também atenderá à refinaria da Petrobras.

A primeira ampliação do Porto do Pecém teve início em fevereiro de 2009, com a construção do Tmut, e foi inaugurada em agosto do ano passado. O novo cais permitirá que o porto incremente em até cinco vezes sua atual movimentação.

A última ampliação prevista para o porto será para atender à refinaria e, de forma definitiva, à Transnordestina. Será feito um terceiro berço para atender à futura ampliação da capacidade de siderúrgica e mais um quebra-mar, de 2.800 metros, que fornecerá abrigo para a mais cinco berços, para atender todas as demandas da refinaria. Outros dois berços que irão atender as demandas da Transnordestina. A projeção é de que esta fase seja concluída até 2016, antes da inauguração da refinaria, programada para 2017.

Novos caminhos

De acordo com o presidente da Cearáportos, Erasmo Pitombeira, o Porto do Pecém continuará sempre em readequações. "O Porto do Pecém está longe da maturidade, porque está trilhando novos caminhos. O porto é crescente, porque vão aparecendo novas demandas. Vamos mudar muito ainda. Isso acontece em todos os portos que tem a visão de se modernizar, de mudar para acompanhar as mudanças", afirma.

Um outra mudança que já prevê é a instalação de estruturas do tipo ´roll on´ e ´roll off´, que funcionam para receber e embarcar automóveis e cargas autotransportáveis. "Já existem montadoras internacionais que querem distribuir daqui para outros estados, Mercosul e África".

SÉRGIO DE SOUSA
REPÓRTER 
 
Diário do Nordeste

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