sexta-feira, 20 de abril de 2012

Nasa pode ter encontrado vida em Marte, sem perceber, há 36 anos

O cientista norte-americano Joseph Miller vem pesquisando há mais de uma década os dados das sondas espaciais Viking e tem polêmica hipótese de que foram encontrados indícios de vida microbiana marciana em 1976 Imagem: University of Southern California
O blog Ceará Científico tem noticiado nos últimos cinco meses diversos avanços na busca por vida extraterrestre. Mas e se ela já tiver sido descoberta e tiver passado despercebida?
É o que parece indicar o estudo da Universidade do Sul da Califórnia, comandado pelo ex-diretor do projeto espacial da NASA, Joseph Miller, desde pelo menos o ano de 2001, sobre os dados colhidos pelas sondas espaciais Viking 1 e 2, que aterrissou em Marte, em 1976.
Apesar de já ter divulgado parte de suas conclusões no site da universidade há 11 anos (sem muito crédito naquela época), o assunto voltou a ganhar força na internet essa semana, após o tradicional grupo de comunicação científica National Geographic ter resolvido investigar a pesquisa de Miller, feito novas entrevistas e repercuti-las junto à comunidade acadêmica mundial.
O que viu (ou não) a Viking em 1976
As sondas realizaram três experimentos especialmente concebidos para a tarefa de encontrar vida (ou pelo menos matéria orgânica). O experimento denominado LR trabalhou escavando um pouco de solo marciano e misturando-o com uma gota de água que continha nutrientes e átomos de carbono radioativos.
A ideia era a de que se o solo continha micróbios, as formas de vida metabolizariam os nutrientes e libertariam dióxido de carbono, compostos radioativos ou gás metano, o que poderia ser medido por um detector de radiação sobre a sonda. Uma série de experimentos de controle também foram realizadas, incluindo o aquecimento de algumas amostras de solo de Marte.
Depois de aquecidas a diferentes temperaturas, as amostras era isoladas em ambiente escuro por meses, condições que matariam micróbios fotossintéticos ou que dependam de organismos fotossintéticos para a sobrevivência. Estas amostras de controle foram também misturados com a solução nutritiva.
Para empolgação de muitos biólogos de então, o experimento LR indicou sinal positivo para a vida, mas os experimentos de controle indicaram sinal negativo, o que levou a Nasa a descartar o resultado do LR como inconsistente. Mas a reanálise feita pela equipe de Miller dos dados de 1976, parece indicar que o equipamento que apontou a existência de vida estava correto.
“É muito possível que, se há micróbios lá, eles estão vivendo alguns centímetros abaixo do solo marciano. Se você olhar de perto os dados da Viking, pode ver que  a medição radioativa de gás foi subindo durante o dia e descendo durante a noite …. As oscilações tiveram um período de 24,66 horas. Isso é basicamente um ritmo circadiano, um bom sinal para a vida”, explicou Miller.
Traduzindo: as amostras oscilaram exatamente no mesmo período que dura um dia marciano e é o mesmo que ocorre na Terra com os ciclos dos seres vivos que duram um dia terrestre e são chamados de ciclo circadiano ou relógios-biológicos.  A equipe também comparou os dados da Viking com as leituras de temperatura de um rato e de fontes não-biológicas.
A equipe admite, no entanto, que este fato por si só não é suficiente para provar que há vida em Marte. “Mas por alguma razão, a NASA nunca enviou um microscópio em suas sondas. Se eles podem enviar equipamentos de grande precisão para obter dados geólogos, eles devem ser capazes de enviar equipamentos precisos também para obter dados biólogicos.”
Curiosity pode ser a Viking que dará certo
Mas para (nossa) alegria e de Miller, a Nasa enviou no fim do ano passado, a missão Mars Science Laboratory, também conhecido como Curiosity que vai chegar no Planeta Vermelho ainda este ano e mesmo ainda sem levar um microscópio leva equipamentos que têm a pretensão de buscar formas de vida marcianas.
“A Curiosity não vai testar a hipótese de vida em Marte diretamente, mas eu acho que eles vão ser capazes de detectar gás metano. E se virem um ritmo circadiano na liberação de metano para a atmosfera, será muito coerente com o que vimos em nossa pesquisa”, conclui Miller.
Fonte: DN

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