Escamas e muita água ficam espalhadas pela rua, além dos restos dos peixes
FOTO: VIVIANE PINHEIRO
Engarrafamentos, calçadas ocupadas e falta de higiene no tratamento do pescado são alguns problemas
Ao
chegar na Rua Tereza Cristina, no Centro, próximo ao Mercado São
Sebastião, é fácil avistar vários problemas. Os caminhões que
descarregam os peixes estacionam nos dois lados da via, conhecida pelo
grande comércio de pescado. Como as pessoas têm muita dificuldade de
usar a calçada, que está tomada por vendedores, elas são obrigadas a
andar no meio da rua. Tudo isso acaba dificultando bastante o trânsito
no lugar. Há ainda a falta de higiene no tratamento dos alimentos.
Com
a proximidade da Semana Santa, o fluxo de veículos, pedestres e
comerciantes aumenta, causando mais transtornos no local e no seu
entorno.
Os pescados ficam expostos para a população nas
calçadas, sem nenhum tipo de proteção. Com isso, o cheiro forte pode ser
sentido de longe. O corte é feito em mesas de madeira sem qualquer
limpeza. Pela calçada e asfalto, é possível encontrar muita água e
escamas do animal. Os restos dos peixes ficam jogados pelos cantos.
Trânsito confuso
O
aposentado Marcelo Farias estava comprando peixe para degustar com a
sua família na Semana Santa, mas reclamou muito da situação do tráfego
no local. "Para chegar aqui, foi uma dificuldade. O trânsito ruim faz
com que a gente encontre engarrafamento em outras ruas próximas",
afirma.
Ele comentou que a grande quantidade de pessoas no meio
da rua também dificulta o fluxo de veículos. "Além das pessoas que vêm
comprar, há os vendedores de peixe que ficam para lá e para cá, levando a
sua mercadoria. Tudo isso é feito bem no meio da via", relata.
Já
o estofador Raimundo Alves de Oliveira faz questão de comprar o pescado
na Rua Tereza Cristina todos os anos, pois acredita que lá existe um
número maior de opções.
Oliveira também destacou que acaba
encontrando mais peixes frescos no local do que nos supermercados.
"Aqui, o preço é bem mais acessível", frisa.
Enquanto a equipe de
reportagem fazia a matéria, um motorista entrou na Rua Tereza Cristina
na contramão, depois parou no meio da via e saiu do veículo. Isso
impossibilitou qualquer carro ou moto de trafegar e gerou um
congestionamento ainda maior no local.
Um dos motoristas, que
ficou parado no trânsito, foi conversar com o homem que saiu do carro na
contramão. Os dois começaram a discutir e por muito pouco não chegaram
às vias de fato.
Pesquisa
As estudantes
Marina Magalhães Morais, Marina Souza Muniz, Clicia Maria Lopes Soares,
Emanuelle Gomes, Ana Jéssica Carneiro e Paula de Sousa Lima, do 1º ano
do Ensino Médio do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros, foram à Rua
Tereza Cristina fazer uma pesquisa para um trabalho sobre a qualidade da
água usada pelos vendedores.
"A gente pode ver que eles não
cuidam bem dos peixes. Acredito que isso faz a qualidade baixar e existe
o perigo de doenças", comenta Marina Magalhães Morais.
A
estudante Clicia Maria Lopes Soares viu os comerciantes usarem
detergente para fazer a limpeza do local onde cortam e guardam os
pescados. "Esse produto não limpa e também pode fazer mal", analisa.
Elas
coletaram água em diversos locais onde se vende o peixe e vão levar
para um laboratório. Dessa forma, pretendem descobrir quais os
microrganismos presentes no líquido e também se a população pode ficar
doente por conta disso.
Fiscalização
Na
última terça-feira (3), três fiscais da equipe da Célula de Vigilância
Sanitária (Cevisa) da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS)
inspecionaram o comércio da Rua Tereza Cristina. Somente os
estabelecimentos comerciais foram fiscalizados. Isso aconteceu porque a
Cevisa só realiza a inspeção em estabelecimentos que possuem o Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
A reportagem tentou entrar em
contato com a Secretaria Executiva Regional do Centro de Fortaleza
(Sercefor) para saber como é feita a fiscalização na Rua Tereza
Cristina, mas, até o fechamento dessa edição, não obteve resposta.
THIAGO ROCHAESPECIAL PARA CIDADE
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