segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MONJAS AGOSTINIANAS Recoletas, de Guaraciaba do Norte, mostram talento especial na produção de doces

Clique para Ampliar
NATERCIA ROCHA
MONJAS AGOSTINIANAS Recoletas, de Guaraciaba do Norte, montaram uma pequena padaria onde fazem pães, doces e outras iguarias inigualáveis
Clique para Ampliar
Da pequena padaria saem receitas especiais como pães mexicanos que misturam doces e salgados
Clique para Ampliar
MONJA LAURA
A fabricação caseira de doces variados garante uma das fontes de renda do Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe, o primeiro do Brasil e o sexto do mundo
Mulheres da Serra da Ibiapaba, entre elas monjas Agostinianas, mostram talento especial na produção de doces


Ibiapaba. A Serra da Ibiapaba é um dos principais roteiros turísticos do Estado do Ceará reconhecida, nacional e internacionalmente, pelo friozinho gostoso, belezas históricas, fauna e flora peculiares. Mas há também outra particularidade muito apreciada: os doces da culinária local. O leitor terá o prazer de se deliciar com duas belas histórias de amor e dedicação. Vida de mulheres que, apesar de caminhos inteiramente diversos, têm em comum a dedicação ao trabalho e ao próximo, por meio de habilidades especiais para produzir verdadeira alquimia em suas cozinhas.

Com exclusividade, o Diário do Nordeste teve a honra de entrar (até onde foi permitido) no mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe, local que guarda as “misteriosas” Monjas Agostinianas Recoletas. Localizadas no distrito de Sussuânia, distante pouco mais de 20 quilômetros do município de Guaraciaba do Norte (CE), foi desmistificado o tabu que gira em torno das sete religiosas mexicanas que,  instalaram o primeiro mosteiro da Ordem no Brasil.

Pecado da gula
No silêncio da contemplação que a vida religiosa lhes exige, as monjas montaram uma pequena padaria onde produzem, diariamente, pães, bolos, biscoitos e doces que são verdadeiros “pecados da gula”.

Outra história peculiar que o leitor irá degustar é o trabalho de dona Zilmar Rocha, a proprietária da marca de Doces Vila Real, no município de Viçosa do Ceará (CE). Comandando um negócio para lá de bem sucedido, ela começou a transformar frutas em divinos doces, na tentativa de suportar a amargura de ter perdido o único filho homem, o caçula Hiran Rocha, aos 33 anos, em um acidente de carro.

Hoje, pouco menos de nove anos após a partida, dona Zilmar produz, com a ajuda de nove funcionários, delicadas compotas em caldas, barras de doces e uma grande diversidade de guloseimas que adoçam a vida dela e de muitas pessoas.

As mulheres mostram-se determinadas, ao fazerem das “prendas domésticas” negócios docemente lucrativos.

AGOSTINIANAS RECOLETAS

Monjas mantêm vida de reclusão


Guaraciaba do Norte. Monjas Agostinianas Recoletas — “agostinianas” por seguirem os ensinamentos de Santo Agostinho, e “recoletas”´ pela vida pessoal de recolhimento que levam. As sete monjas mexicanas, e três noviças cearenses, que vivem no alto da Serra da Ibiapaba, não passam despercebidas por ninguém. A vida de reclusão e o hábito preto que cobre da cabeça aos pés, findaram por gerar verdadeiros mitos em torno das irmãs.

Tanto que elas têm dificuldades em vender os deliciosos pães, biscoitos e doces que produzem na minipadaria, como alternativa para manter as despesas do mosteiro, porque muita gente acredita que elas são completamente inacessíveis. Mas é justamente o contrário.

Vida contemplativa

O Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe é o primeiro do Brasil e o sexto do mundo, os outros ficam na Espanha, Estados Unidos, Filipinas, África e México. Provavelmente, o pouco conhecimento da história delas, associado à missão de ter vida contemplativa, foram gerando as lendas em torno das religiosas.

Todas jovens, elas têm entre 20 e 30 anos de idade, são alegres, sorridentes e convictas de terem encontrado a verdadeira missão que se comprometeram a exercer na Terra.

Durante a entrevista, elas levaram a reportagem do Diário do Nordeste até onde é permitido: biblioteca, capela e jardins. Nada além. Tanto que as fotos feitas na cozinha, preparando os pães, foram feitas por uma das monjas.

Coração da Igreja
“Não é permitido entrar nas dependências porque nossa vida é contemplativa, de oração constante, de agradecimento pelo mundo, pela humanidade”, diz a madre Consolação. “A vida contemplativa é o coração da Igreja, fazemos o que vocês não tem tempo de fazer. É como não deixar o coração do mundo parar de bater e existe um mistério nisso. Não é permitido entrar lá, para que nada se disperse, para ter sempre sintonia com Deus”, explica, com delicadeza, a madre.

Sorriso aberto e carinho transbordam dessas religiosas que seguem uma puxada rotina de oração que começa de madrugada, às 4h30min, e segue até à noite, às 21h30min.

Para equilibrar as finanças, elas ainda bordam paramentos litúrgicos, como estolas, casulas, toalhas de altar e outros. Entre as delícias feitas no mosteiro das monjas recoletas estão biscoitos coloridos, dedinhos de nozes, biscoitos com geléia de morango, rosquinhas de canela com açúcar, pães mexicanos que misturam massas doces e salgadas, folheados, pão de labirinto, pão de doce de leite, bolos com motivos infantis, bolos para casamentos, salgadinhos e até pamonha recheada com carne de porco enrolada na folha da bananeira.

A variedade da culinária, sob a bênção da vida de oração, faz estas receitas terem um sabor ainda mais especial. Tudo é bom demais!

Mais informações:O Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe
Rua Padre Bernardino Memória, 64, em Guaraciaba do Norte
(88) 9929.4234

NATERCIA ROCHARepórter

Diario do Nordeste 

TIANGUÁ REPÓRTER ( Tiago Souza)

0 comentários:

Postar um comentário

Todos os comentários são lidos e moderados previamente
São publicados aqueles que respeitam as regras abaixo:

-Seu comentário precisa ter relação com o assunto da matéria
- Não serão aceitos comentários difamatórios
- Em hipótese alguma faça propaganda de outros sites ou blogs

Os Comentários dos leitores não refletem as opiniões do do TR.