NATERCIA ROCHA
MONJAS
AGOSTINIANAS Recoletas, de Guaraciaba do Norte, montaram uma pequena
padaria onde fazem pães, doces e outras iguarias inigualáveis
Da pequena padaria saem receitas especiais como pães mexicanos que misturam doces e salgados
MONJA LAURA
A
fabricação caseira de doces variados garante uma das fontes de renda do
Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe, o primeiro do Brasil e o sexto
do mundo
Mulheres da Serra da Ibiapaba, entre elas monjas Agostinianas, mostram talento especial na produção de doces
Ibiapaba.
A Serra da Ibiapaba é um dos principais roteiros turísticos do Estado
do Ceará reconhecida, nacional e internacionalmente, pelo friozinho
gostoso, belezas históricas, fauna e flora peculiares. Mas há também
outra particularidade muito apreciada: os doces da culinária local. O
leitor terá o prazer de se deliciar com duas belas histórias de amor e
dedicação. Vida de mulheres que, apesar de caminhos inteiramente
diversos, têm em comum a dedicação ao trabalho e ao próximo, por meio de
habilidades especiais para produzir verdadeira alquimia em suas
cozinhas.
Com exclusividade, o Diário do Nordeste teve a honra de
entrar (até onde foi permitido) no mosteiro de Nossa Senhora de
Guadalupe, local que guarda as “misteriosas” Monjas Agostinianas
Recoletas. Localizadas no distrito de Sussuânia, distante pouco mais de
20 quilômetros do município de Guaraciaba do Norte (CE), foi
desmistificado o tabu que gira em torno das sete religiosas mexicanas
que, instalaram o primeiro mosteiro da Ordem no Brasil.
Pecado da gula
No
silêncio da contemplação que a vida religiosa lhes exige, as monjas
montaram uma pequena padaria onde produzem, diariamente, pães, bolos,
biscoitos e doces que são verdadeiros “pecados da gula”.
Outra
história peculiar que o leitor irá degustar é o trabalho de dona Zilmar
Rocha, a proprietária da marca de Doces Vila Real, no município de
Viçosa do Ceará (CE). Comandando um negócio para lá de bem sucedido, ela
começou a transformar frutas em divinos doces, na tentativa de suportar
a amargura de ter perdido o único filho homem, o caçula Hiran Rocha,
aos 33 anos, em um acidente de carro.
Hoje, pouco menos de nove
anos após a partida, dona Zilmar produz, com a ajuda de nove
funcionários, delicadas compotas em caldas, barras de doces e uma grande
diversidade de guloseimas que adoçam a vida dela e de muitas pessoas.
As mulheres mostram-se determinadas, ao fazerem das “prendas domésticas” negócios docemente lucrativos.
AGOSTINIANAS RECOLETAS
Monjas mantêm vida de reclusão
Monjas mantêm vida de reclusão
Guaraciaba do Norte.
Monjas Agostinianas Recoletas — “agostinianas” por seguirem os
ensinamentos de Santo Agostinho, e “recoletas”´ pela vida pessoal de
recolhimento que levam. As sete monjas mexicanas, e três noviças
cearenses, que vivem no alto da Serra da Ibiapaba, não passam
despercebidas por ninguém. A vida de reclusão e o hábito preto que cobre
da cabeça aos pés, findaram por gerar verdadeiros mitos em torno das
irmãs.
Tanto que elas têm dificuldades em vender os deliciosos
pães, biscoitos e doces que produzem na minipadaria, como alternativa
para manter as despesas do mosteiro, porque muita gente acredita que
elas são completamente inacessíveis. Mas é justamente o contrário.
Vida contemplativa
O
Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe é o primeiro do Brasil e o sexto
do mundo, os outros ficam na Espanha, Estados Unidos, Filipinas, África
e México. Provavelmente, o pouco conhecimento da história delas,
associado à missão de ter vida contemplativa, foram gerando as lendas em
torno das religiosas.
Todas jovens, elas têm entre 20 e 30 anos
de idade, são alegres, sorridentes e convictas de terem encontrado a
verdadeira missão que se comprometeram a exercer na Terra.
Durante
a entrevista, elas levaram a reportagem do Diário do Nordeste até onde é
permitido: biblioteca, capela e jardins. Nada além. Tanto que as fotos
feitas na cozinha, preparando os pães, foram feitas por uma das monjas.
Coração da Igreja
“Não
é permitido entrar nas dependências porque nossa vida é contemplativa,
de oração constante, de agradecimento pelo mundo, pela humanidade”, diz a
madre Consolação. “A vida contemplativa é o coração da Igreja, fazemos o
que vocês não tem tempo de fazer. É como não deixar o coração do mundo
parar de bater e existe um mistério nisso. Não é permitido entrar lá,
para que nada se disperse, para ter sempre sintonia com Deus”, explica,
com delicadeza, a madre.
Sorriso aberto e carinho transbordam
dessas religiosas que seguem uma puxada rotina de oração que começa de
madrugada, às 4h30min, e segue até à noite, às 21h30min.
Para
equilibrar as finanças, elas ainda bordam paramentos litúrgicos, como
estolas, casulas, toalhas de altar e outros. Entre as delícias feitas no
mosteiro das monjas recoletas estão biscoitos coloridos, dedinhos de
nozes, biscoitos com geléia de morango, rosquinhas de canela com açúcar,
pães mexicanos que misturam massas doces e salgadas, folheados, pão de
labirinto, pão de doce de leite, bolos com motivos infantis, bolos para
casamentos, salgadinhos e até pamonha recheada com carne de porco
enrolada na folha da bananeira.
A variedade da culinária, sob a
bênção da vida de oração, faz estas receitas terem um sabor ainda mais
especial. Tudo é bom demais!
Mais informações:O Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe
Rua Padre Bernardino Memória, 64, em Guaraciaba do Norte
(88) 9929.4234
NATERCIA ROCHARepórter
Diario do Nordeste
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