segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Produtos da terra são atrativos em Viçosa do Ceará

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DENISE MUSTAFA
Peças de artesanato em barro são vendidas na feira livre de Viçosa do Ceará, por preços convidativos. Destaca-se a riqueza dos detalhes manuais 
 
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Produtos são expostos à degustação na Casa dos Licores. Além das bebidas, os consumidores também podem apreciar uma variedade de geléias caseiras
Produtos variados e uma riqueza de detalhes caracterizam o artesanato de Viçosa do Ceará, no alto da Serra da Ibiapaba
Viçosa do Ceará. Santo de casa também faz milagre. Pelo menos em Viçosa do Ceará. Os maiores atrativos da cidade, instalada no alto da Ibiapaba, são os produtos da terra. Além da exuberante natureza, o viçosense tem orgulho do seu artesanato em barro e madeira, da cachaça que sai dos alambiques da região, dos tradicionais licores, da rapadura com mamão, do “mel caipira” e de tantos outros produtos que são vendidos no Centro de Artesanato do Mirante do Céu, em lojinhas distribuídas pelo Centro e na feira que movimenta a cidade todos os sábados.

“Aqui é terra de coisa bonita, seu moço”, orgulha-se o aposentado Valdemar Nascimento, que vende chapéu em um dos corredores da feira. Seu Valdemar esqueceu de acrescentar que, além de bonitas, “as coisas” são baratas. Quem se estimula a fazer um passeio pela feira, consegue comprar muitos produtos a R$ 1,00. De chapéu de palha a cofres de barro. “A gente sabe que tá barato, mas é melhor assim”, diz a oleira Cícera Moreira, que usa a feira para vender potes, travessas, panelas e outros utensílios feitos de barro.

Na lógica da feirante, não adianta aumentar o preço e vender pouco. “O povo daqui gosta de pechinchar, mas acaba comprando. E, no final, eu vendo quase tudo”, comemora. Quem passeia pela feira encontra outras pechinchas. Vasos com flores são vendidos por até R$ 2,00. “É tudo da região, meu amigo. E estas são as flores mais bonitas do Ceará. Se você tiver a mão boa pra cuidar, elas podem durar a vida inteira”, propagandeia Bento Aguiar, enquanto arruma seus produtos na calçada. “Mais doce do que isso, só a rapadura da serra”, completa.

Quem não quiser esperar pela feira, no sábado, tem outras oportunidades para comprar os produtos da terra. As lojinhas de artesanato funcionam diariamente em Viçosa do Ceará. A maior concentração está no Mirante do Céu, que reúne quiosques que vendem desde os doces da “Dona Zilmar”, mais conhecida quituteira da região, até a tradicional cachaça “Meladinha”. Glauciane Sousa, responsável por um dos quiosques do local, garante a qualidade dos produtos. “Pode levar que a cachaça é da boa. Eu não bebo, mas todos que vêm aqui falam isso”, diz.

Segundo ela, durante o Festival de Música na Ibiapaba, realizado de 19 a 26 de julho, os turistas renderam-se ao sabor da legítima aguardente serrana. “Uns compravam para levar de presente. Outros bebiam aqui, mesmo. Por dia, o pessoal de fora consumia mais de 50 garrafinhas (350ml). Eles gostavam não só da bebida, mas também do preço. E acho que nossa cachaça não dá ressaca, pois, no dia seguinte, a maioria deles estava de volta”.

As cachaças encontradas no Mirante do Céu são vendidas a partir de R$ 3,00. Mas o viçosense encontra várias maneiras de agregar valor a seus produtos. E as cachaças servem de exemplo. São encontradas em garrafas estilizadas, em embalagens especiais. Algumas garrafas recebem uma cobertura feita com uma mistura de areia e pó de madeira ou de filtro de café (papel), que ganha o aspecto de couro. Assim como na feira, os quiosques também oferecem muitos produtos em barro, mais elaborados e com preços um pouco mais altos, mas longe de serem considerados caros.

CASA DOS LICORES
Família Miranda mantém tradição
Viçosa do Ceará. Uma tradição de mais de 50 anos deu outro batismo para a residência de seu Alfredo Miranda, conhecida como “Casa dos Licores”. Quem chega lá, encontra 55 sabores da bebida. Alguns bem exóticos, como pétalas de rosa, menta com pimenta, leite e canela de cunhã, sendo este um dos mais procurados pelas suas propriedades afrodisíacas. “A canela de cunhã libera a testosterona. Por isso, faz tanto sucesso entre os homens”, avisa dona Teresa Miranda, filha de seu Alfredo e herdeira da tradição criada pelos pais.

Com 92 anos, Alfredo Miranda deixou a fabricação dos licores para a filha, mas ainda pode ser visto pela casa tocando seu pife, outra referência do lugar. “Ele mesmo fez os instrumentos, seguindo uma tradição dos índios da região”, explica Teresa. A fama de bom tocador também acompanha o dono da casa. Um talento registrado no CD “Alfredo Miranda ao Pife” (2005), gravado com apoio da Universidade Federal do Ceará. “Estamos na segunda tiragem do disco, vendido num kit que, além do CD, inclui um pife”, informa a filha.

Música e sabores, portanto, se encontram na “Casa dos Licores”. Uma farta mesa, com geléias, doces, torradas e petas, fica disponível para degustação. A mesma mesa oferece - para prova os 55 sabores de licores. A degustação é parte do negócio, da imagem construída ao longo dos anos. Mas isso não foi pensado como uma estratégia de marketing. “Tudo aconteceu naturalmente. As pessoas perguntavam qual era o melhor licor e a gente sugeria que ela experimentasse”.

DÉLIO ROCHA Repórter

TIANGUÁ REPÓRTER (Tiago Souza)

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