quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Protestos marcam feriado nos Municípios


O silêncio do feriado de comemoração à Proclamação da Republica no Brasil, ocorrida 122 anos atrás, foi quebrado pelos gritos de protesto contra a corrupção na política e a impunidade. Estudantes, professores, servidores e aposentados estiveram reunidos ontem na Marcha Contra a Corrupção, realizada em Limoeiro do Norte e Camocim. Com faixas e cartazes, os manifestantes deram o recado de que não aguentam mais a corrupção política. E ao invés de criticar apenas os políticos, foi dado o recado para quem os elege: a própria população. Também ainda ontem houve manifestação pela paz em de Jaguaribara, e contra o lixão de Canindé, pelos moradores de Caridade.

A Marcha Contra a Corrupção seguiu da praça da rodoviária de Limoeiro do Norte até a frente da Câmara Municipal. Apesar do pequeno número de manifestantes, o grupo saiu pelas ruas, distribuiu panfletos e anunciou as primeiras reclamações: aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do País na educação, aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2012 e ainda a inclusão da corrupção na categoria de crime hediondo.

Para dimensionar o problema da corrupção, os manifestantes divulgaram levantamento recente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), dando conta de que a corrupção gera um prejuízo anual de R$ 85 bilhões ao País. Em valores brutos, de acordo com o manifesto, o número de matriculados na rede pública do Ensino Fundamental saltaria de 34,5 milhões para 51 milhões de alunos, um aumento de 47%.

O dinheiro desviado pela corrupção daria também para criar mais 327 mil leitos de internação (89% a mais que atualmente), ou custear 17 milhões de sessões de quimioterapia para tratamento de câncer. Outra medida custeada seria a construção de mais 2,9 milhões de moradias, reduzindo 30% do déficit habitacional no Brasil. O dinheiro também daria para aumentar em 23,3 milhões o número de moradias com esgoto, o dobro do que está na meta atual do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Esse movimento surgiu da nossa indignação com o descaso político, a impunidade e pela necessidade de a população erguer os braços para fazer alguma coisa", afirma Elizeu Silva, estudante do Ensino Médio e um co-idealizador da Marcha. Esse evento, por sua vez, já faz parte das ações de um movimento chamado Nova Política Limoeirense (NPL). Os organizadores afirmam que é um movimento apartidário, e que é apenas uma coincidência que tenha surgido na véspera de ano eleitoral. "Sabemos que perto das eleições existem grupos que dizem que não têm envolvimento com um e outro, mas não é o nosso caso. Nós somos estudantes, de diferentes colégios, e que na internet fomos nos unindo em torno de uma causa", afirma Pedro Alves, também organizador da Marcha e do grupo NPL.

"Esses movimentos lembram o que aconteceu nos comitês pela Lei 9.840, da Ficha Limpa, em que pela primeira vez se viu um movimento maior nas ruas contra os políticos corruptos. Hoje essa marcha também revela sua importância, é possível ver a adesão de pessoas muito jovens, que talvez fizeram a sua primeira participação política pelos direitos", afirma o professor universitário João Rameres. Para o professor, existe uma relação tensa entre Estado e sociedade. "A corrupção é também um problema cultural. Ela vai desde os pequenos gestos. Mas não bastam pequenas atitudes para resolver isso. Ou seja, não basta o indivíduo devolver o objeto de alguém que caiu no chão que estará fazendo a sua parte. Algo muito maior deve ser feito, uma ação coordenada", afirma.

Em Camocim, a manhã também foi de protestos contra a corrupção. "A população está cansada de corrupção e de impunidade", afirma o universitário Talison Rodrigues, um dos organizadores da Marcha. Também com faixas e cartazes o grupo caminhou da Praça de São Francisco até a Praça Pinto Martins. Pelas ruas da cidade, mesmo quem não se integrou ao movimento concorda com a causa, populares observaram das calçadas e janelas de casa.

Violência

A criminalidade, nos casos de assalto, roubos e até pistolagem, tem assustado a população de Jaguaribara, no Vale do Jaguaribe. Tanto que a sociedade organizada e mesmo a Prefeitura Municipal realizaram uma marcha pela paz e contra a violência. Os manifestantes se concentraram na praça principal da cidade. "Nós precisamos de reforço policial, bem como uma sociedade pacífica", afirma Flávio Araújo, vice-prefeito de Jaguaribara.

Já em Caridade, moradores foram às ruas protestar contra o Município de Canindé, que desde que o juiz da 1ª vara daquela comarca, Antônio Josimar Almeida Alves, determinou o fechamento do lixão da cidade, todo o entulho passou a ser direcionado para Caridade.

Em aproximadamente meia hora foram flagrados quatro caminhões carregados de lixo que chegaram para descarregar. Segundo as pessoas que trabalham recolhendo material para reciclagem no lixão em Caridade, são no total oito caminhões despejando continuamente. Cada um deles fazendo várias viagens por dia.

A população está inconformada com o aumento do risco de doenças e contaminação do solo. Denúncias apontam que até lixo hospitalar está sendo despejado no local.


Fonte: Diário do Nordeste

0 comentários:

Postar um comentário

Todos os comentários são lidos e moderados previamente
São publicados aqueles que respeitam as regras abaixo:

-Seu comentário precisa ter relação com o assunto da matéria
- Não serão aceitos comentários difamatórios
- Em hipótese alguma faça propaganda de outros sites ou blogs

Os Comentários dos leitores não refletem as opiniões do do TR.