sábado, 21 de janeiro de 2012

Serra da Ibiapaba está no roteiro do 1º filme sobre padre Antônio Vieira

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FOTO: DIVULGAÇÃO
Expedição marítima refez a rota de padre Antônio Vieira no Brasil
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Fac-símile de reportagem exclusiva publicada neste jornal sobre a expedição organizada pelo professor de Portugal, Antônio Abreu Freira
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FOTO: MELQUIADES JUNIOR
O preto do asfalto deu lugar ao vermelho da terra na passagem molha do trecho da rodovia estadual entre Limoeiro e Tabuleiro do Norte
Primeiro longa metragem sobre padre Antônio Vieira terá imagens gravadas também no Ceará
Sobral A equipe do documentário de longa metragem sobre Padre Antônio Vieira vem ao Ceará nos próximos dias 2, 3 e 4 de fevereiro. Serão feitas as últimas filmagens em terras cearenses para o documentário de 120 minutos, que deverá estar pronto para ser exibido a partir de setembro próximo. O idealizador do documentário é o navegador, escritor, pesquisador e professor Antônio Abreu Freire. O documentário é realizado pela Fundação Nagib Haickel do Maranhão e produzido pela Mutante Filmes de São Paulo.

O filme terá duas dezenas de comentadores de vários países, especialistas em padre Antônio Vieira, assim como cenas filmadas com atores nos espaços por onde andou o religioso. No Brasil, as filmagens já foram feitas com comentadores em São Paulo e estão agora acontecendo em Salvador. Na próxima semana será em Recife e no início de fevereiro no Ceará, na Serra de Ibiapaba. As filmagens serão finalizadas no Brasil em São Luís do Maranhão, em 8 de fevereiro.

Comemorações
Em seguida, serão gravados depoimentos de especialistas do padre no Canadá e Estados Unidos (onde há várias Universidades com cátedras sobre Antônio Vieira). Em março e abril próximos ocorrerão as gravações por onde andou o religioso na Europa (Portugal, Itália, Holanda e França). Este será o primeiro documentário em cinema feito sobre padre Antônio Vieira e coincidirá com as comemorações dos 400 anos da fundação de São Luís e também da fundação do Ceará por Martim Soares Moreno (20 de Janeiro de 1612), destaca o professor Antônio Freire.

Ele realizou uma expedição marítima comemorativa aos 400 anos de Antônio Vieira. Refez em 2007-2008, com mais seis tripulantes, os percursos do padre jesuíta português, no veleiro sueco Chic Howick, de 14 metros de comprimento. "Foi uma arriscada aventura", conta Antônio Abreu Freire. Mas a aventura foi bastante produtiva rendendo até agora cinco livros, uma exposição de painéis fotográficos, conferências e o projeto do documentário que está em fase de finalização. Conta o professor Abreu Freire que padre Antônio Vieira faz parte da história, da lenda e da literatura.

Para ele, o cruzeiro realizado em 2007-2008 pretendeu repetir a epopeia do religioso. "Demos uma melhor dimensão do gênio que é o padre a", relata em seu livro "Diário de Bordo", escrito ao longo da viagem.

A epopeia, que está rendendo o documentário a ser exibido a partir de setembro deste ano, começou em 17 de março de 2007. Fez escala em Cabo Verde e chegou a Salvador em 30 de abril daquele ano. Em seguida partiu para os portos de Recife, Camocim, São Luís e Belém. Nesses portos, o professor percorreu os espaços por onde padre Antônio Vieira exerceu as atividades de educador, político, pregador e missionário.

Antônio Abreu Freire descreve a vida do padre como uma história de projetos inacabados e de paixões sublimes. Segundo ele, ao longo de sua existência (1608-1697), padre Antônio Vieira passou por espaços que foram e continuam emblemáticos. Cita que ele atravessou o Oceano Atlântico por sete vezes, fez 15 grandes viagens marítimas, foi vítima de piratas e ainda naufragou. O professor destaca que nada disso fez o sacerdote desistir de enfrentar o seu destino de cidadão do Mundo.

Sobre a expedição de 2007-2008, Abreu Freire lembra que enfrentou muitas dificuldades. Mas apesar de tudo, conforme ele, as alegrias foram tantas que compensaram os percalços. "Vencemos todos os momentos difíceis em que faltou dinheiro, que fomos assaltados e que corremos riscos de perder a vida", relata. Para ele o importante foi que foi feita a viagem e realizado o projeto de prestar a homenagem a padre Antônio Vieira. Para o professor, ele é o "maior luso-brasileiro de todos os tempos".

Quanto à passagem por Camocim, o professor descreve que padre Antônio Vieira ficou embelezado, absolutamente assombrado com a beleza da praia. Chegou a retratar o litoral da seguinte maneira: "Depois que se chega ao alto delas (Serra da Ibiapaba) pagam muito bem o trabalho da subida, mostrando aos olhos um dos mais formosos painéis que porventura pintou a natureza em outra parte do mundo, variando de montes, vales, rochedo e picos, bosques e campinas dilatadíssimas, e de longe do mar no extremo dos horizontes. Sobretudo, olhando do alto para o fundo das serras, estão se vendo as nuvens debaixo dos pés que, como é coisa tão parecida com o céu. Não só causam saudades, mas já parece que estão prometendo o mesmo que se vem buscar por estes desertos".

FIQUE POR DENTRO
Escritor de cartas e profecias
Padre Antônio Vieira foi um religioso e escritor do período barroco em língua portuguesa. Escreveu cerca de 200 sermões. Destaque para o "Sermão da Sexagésima". São aproximadamente 500 cartas e profecias que estão no livro "Chave dos Profetas". Quando criança, aos 6 anos de idade, padre Antônio Vieira veio em 1614 para o Brasil com sua família, fixando residência em Salvador. Seu pai era funcionário do Império Português. Logo aos 15 anos, ingressou na Companhia de Jesus. Formou-se, então, noviço em 1626. Estudou Teologia, Lógica, Física, Metafísica, Matemática e Economia. Em 1643, ele foi designado pelo Rei Dom João IV para negociar a reconquista das colônias. Em 1661, foi obrigado a deixar o Maranhão, pressionado pelos senhores de escravos que não concordavam com suas posições contrárias à escravidão indígena. Voltou para Lisboa onde foi condenado pela inquisição em virtude de seus manuscritos "heréticos": "Quinto Império"; "História do Futuro" e "Chave dos Profetas". De 1665 a 1667 ficou preso em Coimbra. Em 1669, já anistiado, seguiu para Roma onde ficou até 1676 sob a proteção da Rainha Cristina, da Suécia. Em 1686 foi publicado oficialmente o primeiro volume dos "Sermões", em Lisboa. Em 1681 voltou ao Brasil onde passou a dedicar-se à literatura. O padre morreu em 1697, aos 89 anos, na Bahia. Há quase três anos, o professor e navegador português Antônio de Abreu Freire decidiu refazer, a bordo de um veleiro, o trajeto do padre Antônio Vieira entre Portugal e Brasil, realizado no século XVII, em 1641. Foi o Cruzeiro Histórico Identidade e Cidadania (Chic).

Mais informações:
Viagem da expedição do professor Antônio Abreu Freire sobre Padre Antônio Vieira, Blog http://www.antonioabreufreire.blogpessoal.com e http://www.ua.pt

Diário do Nordeste

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