quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Tapioca colorida será opção para a merenda escolar

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FOTOS: DIVULGAÇÃO
Com corantes naturais, as tapiocas recebem também os nutrientes vegetais
O Agropolos tem levado para cozinheiras, merendeiras e tapioqueiras a produção de tapiocas coloridas
Limoeiro do Norte A comida para lá de típica está de cara nova. Colorida, mais nutritiva, mas com o mesmo sabor. E com vistas a assumir importante papel na merenda escolar. Não tem corante artificial. As tapiocas são coloridas do sumo vegetal de laranja, beterraba, melão, laranja, até couve e espinafre. Os nutrientes desses vegetais são incorporados na fécula da mandioca, e o colorido chama a atenção das crianças, principal alvo de uma ideia da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), que ganhou maior impulso no Ceará por meio do Instituto Agropolos e da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA). Neste ano, prefeitos e coordenadores de Educação já estão interessados na novidade, que deverá ser impulsionada no segmento da agricultura familiar.

Foi uma forma de unir o útil ao agradável. A tapioca não é só um prato, é um elemento da cultura gastronômica nordestina. Visitar ou viver no Ceará e não comer tapioca é como morar na beira-mar e rejeitar peixe. Mas, sendo colorida, a tapioca desperta atenção da criançada. Verde do espinafre, amarela da laranja, cor creme da cebola, roxa da beterraba. "É difícil a criança querer comer beterraba, mas se ela gosta de tapioca, os nutrientes da beterraba são transferidos para a goma da mandioca, e sem deixar de ter gosto de tapioca", afirma Robertson Lima, coordenador regional do Instituto Agropolos no Vale do Jaguaribe. Nos chamados Territórios da Cidadania, o Agropolos tem levado para cozinheiras, merendeiras e tapioqueiras o curso de produção de tapiocas coloridas.

O técnico em agroindústria Mackson Araújo, de Limoeiro do Norte, realizou ontem um curso-oficina na comunidade de Poço da Onça, em Russas. Em um dia, as cozinheiras entenderam os passos: lavagem, tritura do vegetal, liquidificação e peneiramento junto à goma de mandioca. Tudo misturado, é feito novo peneiramento, daí em diante seguem os passos para a feitura da mandioca como reza a culinária nordestina. Mas o instrutor esclarece que é necessário saber a quantidade certa de insumo vegetal para a mistura com a goma de mandioca ficar na consistência do preparo da tapioca.

Participação

E a demanda pelos cursos de processamento da fécula para obtenção das tapiocas coloridas tem elevado a participação de Municípios e associações de agricultores nessa alternativa de incremento nutricional e, portanto, de vendas. As tapiocas coloridas são mais um produto que agrega valor à agricultura familiar. Assim, frutas e hortaliças produzidas pelos pequenos produtores, e mesmo as donas de casa em seus "quintais produtivos" deverão abastecer ainda mais o mercado de compra de alimentos para a merenda escolar.

Embora essa seja uma iniciativa da Bahia, o Ceará tem se firmado como principal difusor da cultura da tapioca colorida. A Secretaria da Educação do Estado já tomou conhecimento do alimento colorido e do trabalho que pode ser desenvolvido junto às merendeiras na rede pública.

A intenção é que o produto seja incluído no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), por meio das escolas estaduais. "Aproveitando tudo da agricultura familiar, as misturas de tapioca colorida ganham valor agregado por serem produtos saudáveis e sustentáveis, em virtude de todos os ingredientes serem orgânicos, além de economicamente viáveis", afirma Silva Filho, coordenador de agroindústria do Território Vale o Jaguaribe do Instituto Agropolos.

O PNAE, implantado em 1955, garante, por meio da transferência de recursos financeiros, a alimentação escolar dos alunos de toda a educação básica (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos) matriculados em escolas pública.

FIQUE POR DENTRO
Alimento é mais comum no Norte e Nordeste

A tapioca é genuinamente brasileira. Está presente em praticamente todos os Estados, ainda que seja mais comum no Norte e Nordeste. Essa comida típica foi inventada pelos índios, e praticamente até hoje e produzida em seu formato original, embora receba diferentes recheios. A tapioca colorida foi produzida, inicialmente, pela Embrapa na Bahia. Lá é mais comum o beiju, também feito com a goma da mandioca. O nome do vegetal advém de uma lenda indígena, que diz que a planta teria nascido dos restos mortais da índia mani. Para os índios, a planta passou a ser a morada de mani ´manioca´, que depois passou para o termo mandioca. Disseminada pelos índios tupi-guarani, era a base da alimentação brasileira até a chegada de Pedro Álvares Cabral.

Mais informações:

Instituto Agropolos
Município de Limoeiro
(88)3423.6976

MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER

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