Após
quase sete horas e meia de discussão, representantes do Governo
Estadual e dos policiais e bombeiros militares que paralisaram suas
atividades na última quinta-feira (29), chegaram a um consenso,
encerrando o movimento paredista que já durava cinco dias, fato que
deixou o Estado sem o seu aparato de Segurança Pública.
A
reunião entre as partes terminou por volta dos 30 minutos desta
quarta-feira num prédio anexo ao Palácio da Abolição, no Meireles. Os
secretários estaduais Mauro Filho (da Fazenda), Eduardo Diogo
(Planejamento e Gestão) e o procurador geral do Estado, Fernando
Oliveira, representaram o governador Cid Gomes.
Pauta
Depois
de muitas negociações, as partes redigiram um documento que, em
seguida, foi levado aos manifestantes acampados na sede da 6ª Companhia
do 5º BPM (Antônio Bezerra).
Contudo,
somente na manhã de hoje, o assunto será colocado em discussão. A
intermediação do Ministério Publico Estadual, da Defensoria Pública do
Estado e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/CE) possibilitou o
acordo.
Um
documento de quatro páginas foi redigido e assinado pelas partes,
garantindo uma anistia a todos os policiais e bombeiros militares que
participaram do movimento, livrando-os de qualquer processo disciplinar e
administrativo, bem como da instauração de inquéritos por violação ao
Código Penal Militar e ao Estatuto dos Militares do Ceará.
Outro
ponto acertado foi a incorporação definitiva nos salários de toda a
tropa da PM e dos Bombeiros da gratificação no valor atual de R$ 920,18,
que vinha sendo paga somente aos PMs que trabalham no turno C (das 6
às 22 horas). Desse modo, o salário de um soldado (posto mais baixo da
corporação) será de R$ 2.634,00, retroativo ao dia 1º de janeiro de
2012.
O
governo do Estado também aceitou um reajuste no valor do vale-refeição
para policiais e bombeiros, que será de R$ 224,00 por mês. Os ganhos
vencimentais estabelecidos no acordo serão estendidos aos inativos e
pensionistas das duas corporações militares.
O
documento também estabelece que a jornada de trabalho será de 40 horas
semanais, podendo, de acordo com a necessidade da Corporação, serem
fixadas horas-extras.
Outro
item estabelecido foi a criação, no prazo de 30 dias, de uma comissão
com formação paritária entre os representantes do governo e das quatro
associações que congregam os militares, para formular, em 90 dias,
novas regras sobre a tabela salarial, discussão de horas-extras,
implantação de novo modelo para promoções e reforma no Código de Ética e
Disciplina da PM, para evitar casos de assédio moral, já que os praças
reclamam de constantes abusos por parte de seus superiores.
Reunião
Após
a reunião, os representantes das entidades militares se dirigiram ao
local de concentração para pôr em votação a proposta de fim da greve.
Era por volta de 1h50 quando isto aconteceu. O clima no local, que antes
era de extrema tensão (diante da possibilidades de uma ação do
Exército e da Força Nacional de segurança) transformou-se em
comemoração da categoria.
A
procuradora-geral da Justiça, Socorro França; o presidente da
OAB-Ceará, Valdetário Andrade; e a defensora pública geral do Estado,
Andréia Coelho, subscreveram o documento que pôs termo à paralisação das
atividades de policiais e bombeiros em todo o Estado.
Em
entrevista ao Diário do Nordeste, por telefone, no começo da madrugada
desta quarta-feira, o presidente da OAB explicou que o processo de
negociação foi bastante difícil.
Já
a procuradora-geral da Justiça disse ter ficado aliviada com a
decisão, que pôs fim à onda de insegurança reinante no Estado com a
ausência do aparato da Segurança Pública. Conforme o secretário da
Fazenda Estadual, Mauro Filho, o impacto nos cofres públicos, por conta
dos ganhos concedidos à categoria, será da ordem de R$ 440 milhões.
Ainda na manhã de hoje, os PMs começam a voltar aos quartéis e reiniciam as atividades de policiamento no Estado.
Policiais civis decidem parar todo o efetivo
Os
policiais civis do Estado do Ceará decidiram, em assembleia realizada
na noite de ontem, paralisar todo o efetivo da categoria na Capital e
do Interior. Depois da decisão, tomada por cerca de 300 inspetores e
escrivães, eles decidiram acampar na Praça dos Voluntários, em frente ao
prédio da Delegacia Geral.
O
Sindicato dos Policiais Civis de Carreira (Sinpoci) convocou os
servidores da categoria a parar totalmente as atividades e levar as
viaturas até o pátio da Delegacia Geral, entregando as chaves para o
Comando de Greve. Além disso, eles devem entregar as chaves das
carceragens das DPs onde trabalham os delegados titulares.
Depois
da deliberação pela paralisação, o diretor do Sinpoci Ernani Leal saiu
no veículo da entidade, seguido por cinco outros automóveis, em
direção as delegacias com o objetivo de ´convidar´ os policiais que
estavam de serviço para que aderissem ao movimento paredista.
Comitiva
Até
o momento em que a reportagem do Diário do Nordeste acompanhou o
movimento, três DPs haviam sido visitadas pela comitiva e tinham sido
fechadas pelo Sindicato. Viaturas da Delegacia de Narcóticos (Denarc),
da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), Divisão de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), 5º DP (Parangaba) e 34º DP
(Centro) chegaram ao pátio e ficaram estacionadas. A viatura da
Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), que já estava no local,
teve os pneus secos por uma das manifestantes.
A
categoria disse ter sido desrespeitada e pede mais consideração por
parte do Governador. A presidente do Sinpoci, Inês Romero, afirmou que
tudo foi feito dentro da legalidade. "Acatamos as determinações
judiciais e isso só enfraqueceu o movimento". A inspetora disse ainda
que o Sinpoci acreditou na Justiça e no Governo e foi apunhalado pelas
costas. "Nós não vamos sair daqui, enquanto o Governador não nos
receber. Vamos mobilizar o Interior e esperar que eles se juntem a nós,
trazendo também as suas viaturas", disse.
Exército
Ao
perceber a movimentação em frente ao prédio onde estão sediadas as
Delegacias Especializadas, o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz
Carlos de Araújo Dantas, acionou as tropas federais. Os homens do
Exército fecharam as entradas do prédio e se colocaram no portão da
frente, para impedir que os policiais que faziam suas reivindicações
entrassem. Os manifestantes discutiram com o delegado-geral afirmando
que eles "não podiam ser tratados como criminosos". A barreira formada
por homens fortemente armados, porém, continuou inerte, mesmo após os
protestos de alguns dos policias civis.
Negociação
Apesar
de terem apoiado a paralisação dos PMs, o comando de greve dos
militares não aceitou a adesão dos policiais civis, que teriam pedido um
assento na mesa de negociação com o Governo do Estado. Os policiais
civis disseram que "não estão sendo oportunistas, nem se aproveitando do
momento de fragilidade da Segurança Pública, para relançar suas
reivindicações" e, que, "independente do resultado das negociações dos
militares e bombeiros continuarão parados, até que sejam atendidos".
Participação
300 policiais civis participaram, na noite de ontem, da assembleia que decidiu pela paralisação das atividades da categoria
Tropas do Exército chegam ao Cariri
A
Região do Cariri, no Sul do Estado do Ceará, foi a primeira do
Interior a receber reforço de tropas federais por conta da paralisação
das atividades das polícias Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros.
Eram aproximadamente 19 horas de ontem, quando um comboio de veículos
militares - entre jipes e caminhões de transporte de tropas - entrou no
Centro da cidade de Juazeiro do Norte (a 598Km de Fortaleza). No mesmo
momento, outro efetivo chegava à cidade do Crato.
Para o Cariri, foram mandados 200 soldados do Exército brasileiro, sendo 130 para Juazeiro e outros 70 para o Crato.
No
entanto, parte deste contingente militar poderá ser deslocado para as
cidades próximas, como Barbalha, Aurora, Missão Velha, Farias Brito,
Milagres, Barro e Mauriti, em caso de necessidade de segurança.
A
10ª Região Militar informou que outras regiões do Interior cearense
podem também receber a presença de tropas federais nas próximas horas ou
dias, caso a paralisação das atividades da PM prossiga.
Conforme
o coronel Medeiros Filho, da 10ª Região, o reforço das tropas pode
chegar, nos próximos dias, a dois mil homens, se necessário, para o
restabelecimento da ordem pública.
Praticamente todo o Estado já foi atingido pela paralisação dos policiais militares.
Tiros e mortes
Pelo
menos, duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas em
decorrência de um tiroteio entre gangues ocorrido, no fim da noite
passada, nas ruas do bairro Serviluz, nesta Capital.
O
garoto Cauany Gomes Damasceno Neri, de três anos; e Josué Francisco da
Silva, 45, foram baleados e morreram na Emergência do Hospital Geral
de Fortaleza (HGF). Um homem e uma mulher também ficaram feridos e
estão internados.



















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