Mesmo após referendo, população continua a se manifestar na Síria
FOTO: REUTERS
A proposta de mudança da Carta Magna síria foi duramente criticada pela comunidade internacional
Damasco.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon,
afirmou ontem que duvida da credibilidade do referendo constitucional
do domingo (26), na Síria, em que cerca de 90% dos votantes optaram pelo
nova Carta Magna.
Ban Ki-Moon disse que a situação de violência e
a repressão que sofre o país tira a legitimidade da consulta popular.
"Ainda que uma nova Constituição e o fim do monopólio político do
partido Baath no poder pudessem ser parte de uma solução política, um
referendo deve acontecer em condições livres de violência e
intimidação".
Em comunicado, o secretário-geral das Nações Unidas
ainda declarou que a prioridade na Síria é o fim da violência para que
se inicie um processo político "que responda às aspirações diplomáticas
dos cidadãos".
O referendo constitucional, que mobilizou 8,37
milhões de eleitores, foi marcado por vários episódios de violência:
grupos de oposição estimam que pelo menos 59 pessoas morreram, entre
soldados e civis.
Mesmo durante a votação, morteiros caíam sobre o
bairro rebelde de Baba Amr e outras regiões de Homs, devastadas por
mais de três semanas de bombardeios, no dia seguinte a uma jornada de
violência que deixou cerca de cem mortos, segundo o Observatório Sírio
para os Direitos Humanos (OSDH).
A proposta de mudança
constitucional foi duramente criticada pela comunidade internacional e
pela oposição síria, que convocou um boicote contra a consulta popular.
Na
nova carta fundamental, o presidente mantém poderes significativos.
Escolhe o primeiro-ministro, independentemente da maioria parlamentar, e
em alguns casos pode rejeitar leis.
O artigo 88 prevê que o
presidente só pode optar por dois setênios, mas o artigo 155 precisa que
estes dispositivos só serão aplicados após as próximas presidenciais de
2014, pelo que Assad poderia se manter no poder por mais 16 anos.
Violência
Pelo
menos 64 pessoas morreram ontem após um ataque de homens armados em um
posto policial na província de Homs, no centro do país, segundo o
Observatório Sírio de Direitos Humanos.
De acordo com a entidade,
a ação, que foi qualificada de "massacre", aconteceu em um campo entre
os povoados de Ram al Amz e Shandajiyeh. Segundo os opositores, os
corpos apresentavam marcas de tiros e golpes de armas brancas.
De
acordo com os Comitês de Coordenação Local, outra organização de
opositores, pelo menos 124 pessoas teriam morrido em toda a Síria ontem.
Outras 25 perderam a vida em Homs, enquanto foram registrados 15 óbitos
em Idlib, nove em Aleppo, quatro em Hama, quatro na periferia de
Damasco, e uma pessoa na capital, em Deraa, Raqa e Hasaka,
respectivamente.
Posição brasileira
O
Brasil rejeita a entrega de armas à oposição síria e recusa uma
intervenção militar estrangeira por considerar que qualquer uma das
ações reforçará o conflito bélico e não resolverá a crise política no
país.
A opinião foi expressada pela ministra da Secretaria de
Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, após participar da reunião de
abertura da 19ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
"O
Brasil se posiciona contra a entrega de armas a quem quer que seja. O
Brasil condena ações armadas de qualquer lado. Precisamos que toda
perspectiva imediata de ações bélicas seja revista, estas têm
significados nefastos para a população civil e não contribuem à
reafirmação democrática de nenhum país", disse a ministra.
VOTANTES
8,37 milhões de pessoas participaram de plebiscito na Síria, no domingo, para decidir sobre a proposta de mudança constitucional
Diário do Nordeste
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