Os parlamentares temem que relatório feito na Procap fique guardado e culpados não sejam condenados
Cinco
deputados da oposição aguardam votação, no plenário da Assembleia
Legislativa, de um requerimento, apresentado por eles, pedindo à
Procuradoria Geral da Justiça (PGJ), o envio do relatório final da
Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap) sobre as
investigações feitas em relação ao desvio de recursos do Estado para a
construção de banheiros em alguns municípios do Interior cearense.
O
requerimento foi apresentado há pouco mais de uma semana, mas só será
levado a plenário no início de março pelo deputado Heitor Férrer (PDT), e
subscritos pelos deputados Augustinho Moreira (PV), Roberto Mesquita
(PV), Eliane Novais (PSB) e Fernando Hugo (PSDB). Ele é dirigido ao
procurador Geral de Justiça do Estado, Alfredo Machado.
De acordo
com o autor do pedido, deputado Heitor Férrer, o objetivo é conhecer o
resultado final da investigação realizada pelo Ministério Público (MP),
órgão que ele considera ter sido responsável pela investigação mais
isenta do caso que apontou a possível existência de desvio de verba
pública destinada à construção de banheiros em residências de baixa
renda no Interior do Estado.
Procedimentos
Os
autores do requerimento não acrescentam, mas os comentários na
Assembleia dão conta de que a iniciativa é um alerta à chefia do
Ministério Público estadual de que eles estão atentos aos atos que serão
praticados pelo chefe da Procuradoria de Justiça, em razão do
envolvimento do deputado estadual Téo Menezes (PSDB) e do conselheiro do
Tribunal de Contas do Estado, Teodorico Menezes.
O Ministério
Público foi um dos órgãos visitados pela Comissão de Fiscalização e
Controle da Assembleia Legislativa, ainda no segundo semestre do ano
passado. A série de visitas foi o meio encontrado pela base de apoio ao
Governo na Assembleia, para evitar a instalação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI), pedida pela oposição, para apurar o
caso.
"A Assembleia se omitiu. Ficou como um órgão secundário
nessa investigação", pontuou Férrer. O pedetista adianta que não
pretende requerer os relatórios dos outros órgãos que investigaram o
caso dos convênios assinados entre a Secretaria das Cidades e
associações para a construção de kits sanitários, por considerar que o
MP foi o único a adotar um critério de seriedade nessa investigação.
O
parlamentar disse que, por enquanto, não pode dizer quais os próximos
passos que pretende tomar, caso a Assembleia aprove o requerimento e a
PGJ envie o relatório, explicando que não se sabe o que será encontrado
nesse documento.
O mais importante, ressalta o deputado Fernando
Hugo, é não deixar que o caso seja esquecido, principalmente pela
população. A intenção de pedir o relatório final da Procap, aponta, é
explicar para a opinião pública como está o andamento desse imbróglio.
"Nós
parlamentares queremos fazer uma avaliação detalhada de todo o conteúdo
analisado pela Procap, tendo em vista que o Tribunal de Contas do
Estado nada efetuou de positivo em relação às investigações do escândalo
dos banheiros, que mexe com dinheiro público", argumentou.
O
tucano disse que também quer saber até onde as investigações da Procap
vão levar o caso, ou seja, quem desviou dinheiro público e se
beneficiou, e se haverá pedidos de punição para os envolvidos. Na
opinião do parlamentar, seria "ridículo", para o momento político que
vive o Ceará e o Brasil, deixar que dinheiro público seja desviado sem
que os culpados sejam punidos.
Beneficiário
No
fim do ano passado, declarações de promotores da Procap, deixaram
convencidos os deputados Heitor Férrer e Fernando Hugo do envolvimento
do deputado Téo Menezes (PSDB), como beneficiário do desvio de recursos
pela constatação de que dinheiros liberados pelo Estado saíram de uma
agência do Bradesco e foram utilizados em pagamentos de material e
serviços da campanha de Téo Menezes.
Na época, os promotores
disseram que o trabalho de investigação estava concluído. Segundo Heitor
Férrer, a informação repassada para ele é de que o relatório final da
Procap já está finalizado. Outro nome envolvido no caso foi o do
conselheiro e ex-presidente do TCE, atualmente afastado das funções,
Teodorico Menezes.
Corregedoria do TCE acionada
O
presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Valdomiro Távora,
deverá se reunir ainda na próxima semana com o corregedor da Corte,
conselheiro Edilberto Pontes, para avaliar a situação do conselheiro
Teodorico Menezes, afastado das funções desde o ano passado, desde que
foi apontado como um dos envolvidos em desvio de recursos estaduais para
a construção de banheiros em residências no Interior do Estado.
A
Corregedoria do Tribunal é apontada por alguns como falha na apuração
do caso. Na época da descoberta do problema dos convênios do Estado com
associações comunitárias para a construção dos banheiros, o corregedor
do Tribunal era o conselheiro Pedro Timbó. Segundo dizem, ele só vez
mesmo instaurar o processo e nada mais. O conselheiro Edilberto Pontes
só assumiu a corregedoria em janeiro deste ano.
O conselheiro
Teodorico Menezes, como mostrou reportagem da TV Verdes Mares, no último
dia de Carnaval, foi abordado em uma blitz da Polícia Rodoviária
Estadual e teve os seus documentos de motorista apreendido por suspeita
de estar dirigindo alcoolizado. O fato, embora fira o decoro, não deverá
ser levado ao pleno do Tribunal, embora o atual presidente da Corte,
conselheiro Valdomiro Távora reconheça ser prejudicial à imagem do
Tribunal.
"O caso pode ter sim uma repercussão negativa para a
Corte, mas isso é um ato isolado, envolvendo apenas o Teodorico. Quem
deve resolver isso é ele próprio, pagando a multa e respondendo pelo que
fez com os órgãos competentes", avalia o presidente do TCE.
Valdomiro,
que retornou ontem de viagem, afirma que ainda não decidiu exatamente
quando se reunirá com o corregedor da Corte para tratar do caso
Teodorico, mas aquele relacionado ao problema da não construção dos
banheiros no Interior.
Semelhantes
Sobre o
problema relacionado à infração de trânsito, diz o presidente do TCE:
"vamos tratar com calma da questão, mas temos que nos lembrar de casos
semelhantes a esse. O senador Aécio Neves, por exemplo, também foi
autuado em uma blitz, e nem por isso foi expulso do Senado", declara.
Entre as punições cabíveis em casos relacionados ao decoro de
conselheiros de Tribunais de Contas, está a aposentadoria compulsória.
O
corregedor do TCE, conselheiro Edilberto Pontes, confirmou a
necessidade de se reunir com o presidente para avaliar o caso, mas
evitou emitir qualquer juízo antes de apreciar com mais calma a questão.
"As autoridades competentes já tomaram as providências cabíveis, e não
cabe a mim realizar qualquer avaliação da postura do conselheiro até que
o caso chegue ao Tribunal", atesta.
Teodorico é personagem de
uma série de denúncias de corrupção envolvendo o desvio de recursos
públicos destinados à construção de kits sanitários no interior do
Estado, e se encontra afastado do cargo de conselheiro do TCE desde
julho por pedido próprio. Atualmente, o ex-presidente do Tribunal é
vítima de investigação tanto da corregedoria da Corte quanto do
Ministério Público.
Diário do Nordeste
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