Grito
de paz: países árabes pretendem criar uma força de pacificadora com
membros da Liga Árabe e das Nações Unidas para pôr fim à onda de
revoltas que atingiu todas as regiões da Síria
REUTERS
Representantes árabes pediram o fim da violência, a liberação de presos e a retirada de militares na Síria
Túnis.
Os representantes de 70 países reunidos em um encontro na Tunísia
condenaram, ontem, o regime do ditador da Síria, Bashar al Assad, e
pediram uma solução política para a crise e a violência que acometem o
país.
As autoridades ainda afirmaram que pretendem fazer uma
"tsunami" de pressões para tentar diminuir o apoio interno a Assad. O
grupo também pede a entrada da missão conjunta de observadores da Liga
Árabe e da Organização das Nações Unidas (ONU) e a criação de uma força
de paz com membros das duas organizações.
Os países também
pediram o fim total da violência e a proteção dos cidadãos, a liberação
de presos políticos e a retirada das forças militares das cidades e
povoados. Foram exigidas ainda garantias do direito de manifestações
pacíficas e do trabalho dos meios de comunicação.
Outro ponto
discutido na reunião, mas que não houve consenso, é o reconhecimento da
oposição síria como governo oficial e o envio de armamento para os
rebeldes.
Oposição
O chanceler da
Tunísia, Rafik Abdessalem, afirmou que o grupo de 70 países deverá
decidir se reconhece o Conselho Nacional Sírio (CNS) como novo governo
do país na próxima reunião dos representantes, na Turquia, ainda sem
data.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou
que o grupo é "uma liderança legítima e representativa dos sírios, que
busca uma transição democrática pacífica".
Hillary ainda disse
que o governo de Assad causou uma catástrofe humanitária no país. "As
pessoas que carregam a responsabilidade por essa catástrofe humanitária
são Assad e suas forças de segurança".
O grupo ainda estuda a
criação de sanções mais duras, como o boicote ao petróleo sírio e
restrições financeiras e de viagem a aliados de Assad. Os países ainda
deverão trabalhar com a oposição para a preparação da Síria após a
ditadura, incluindo acordos comerciais.
Armamento
O CNS pediu aos países do grupo que armem o Exército Sírio Livre e apoiem toda forma de resistência popular contra Assad.
As
potências árabes e ocidentais estão divididas sobre se devem armar os
rebeldes da Síria, com algumas autoridades temendo que tal medida apenas
piore a violência e afete os países vizinhos.
Embora o Exército
Sírio Livre tenha sido capaz de contrabandear armas e de comprá-las no
mercado negro, os representantes da oposição que participam do encontro
de mais de 50 nações disseram que até agora não havia um apoio militar
estrangeiro formal para a oposição.
Para o vice-presidente da
Liga Árabe, Ahmed Bem Helli, armar a oposição poderia levar à guerra
civil. "Acho que isso vai complicar ainda mais as questões. Militarizar a
oposição vai criar uma situação complicada que poderia levar à guerra
civil e isso não é o desejado", disse ele.
Já o chanceler da
Arábia Saudita, Saud al Faisal, afirmou ontem ser uma "excelente ideia"
dar armas aos opositores de Assad. Perguntado sobre as justificativas
para o fornecimento de armas, ele afirmou que "os opositores precisam se
proteger".
A questão sobre armar a oposição síria veio à tona
nos últimos dias, depois que os Estados Unidos sugeriram que não se
oporiam ao armamento de rebeldes se todos os canais diplomáticos não
tivessem êxito.
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem
que o país usará "todos os instrumentos possíveis" para deter a morte
de civis na Síria, que chamou de "matança".
Para ele, Assad
precisa entender que "chegou a hora da transição". "Chegou a hora de
acabar com os assassinatos de sírios por parte de seu governo", disse.
Resgate de feridos
O
Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou ontem que o Crescente
Vermelho, versão árabe da entidade, retirou cerca de 20 pessoas feridas,
entre mulheres e crianças, do bairro de Baba Amro, em Homs, região
central da Síria. A jornalista francesa Edith Bouvier, que está ferida,
não foi uma das resgatadas.
Diário do Nordeste
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