sexta-feira, 23 de março de 2012

Atirador de Toulouse morre após tiroteio

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Policiais durante ação que teve o objetivo de capturar Merah, acusado de matar sete pessoas, entre elas três crianças
FOTO: REUTERS
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Após ataques, o presidente lidera, pela primeira vez, a pesquisa de intenções de voto
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Depois de quase 30 horas de negociação, Mohammed Merah foi morto ontem pela Polícia francesa
Toulouse. Autoridades francesas relataram que Mohammed Merah - assassino de sete pessoas na região de Toulouse - morreu ontem com uma bala na cabeça durante operação policial que pôs fim a um cerco de 30 horas.

O promotor François Molins afirmou que os agentes da Raid (unidade de elite da Polícia) fizeram "todos os esforços" para capturar Merah vivo, mas que atuaram "em legítima defesa" quando o suspeito dos crimes saltou pela janela do apartamento, atirando contra os policiais.

Ele era acusado de matar três crianças e um professor em uma escola judaica na segunda-feira (19). Em outros dois ataques na semana passada, teria atirado contra três soldados em Montauban, próximo a Toulouse, que também morreram.

Durante o cerco, Merah prometeu por várias vezes se render. Ontem por volta das 11h no horário local (7h de Brasília), policiais conseguir entrar no apartamento, quando foram ouvidos diversos disparos do lado de fora do prédio.

A operação culminou então com a morte de Merah, que havia declarado desejar morrer "de armas na mão".

Francês de origem argelina, o jovem de 23 anos tinha antecedentes criminais. Ele esteve no Paquistão e no Afeganistão e se declarava jihadista da Al Qaeda.

Uma investigação deve determinar se ele atuou sozinho ou com a ajuda de uma célula.

Ontem, um grupo vinculado à Al Qaeda reivindicou os ataques em um comunicado divulgado na internet, no qual convocou o governo francês a revisar sua política hostil em relação aos muçulmanos.

Segundo o comunicado, os ataques foram praticados por "Yusef o francês", classificado como "um dos cavaleiros do Islã".

"Essa operação bendita sacudiu os pilares dos sionistas cruzados no mundo inteiro e nós a reivindicamos", afirma o grupo.

O grupo exigiu que o governo francês "revise sua política em relação aos muçulmanos no mundo" e "abandone suas tendências hostis ao Islã", ao considerar que esta política só vai gerar "desgraça e destruição".

Guerra ao terror

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou que deseja instituir medidas penais para reprimir a apologia ao terrorismo ou o apelo ao ódio e à violência na internet, em viagens ou nas prisões. "Estes delitos serão castigados penalmente", afirmou.

"A partir de agora, qualquer pessoa que consultar páginas na internet que promovam a violência será castigada penalmente", disse o presidente.

Sarkozy assume liderança em disputa
Paris. Os ataques contra uma escola judaica e militares em Toulouse poderão criar uma reviravolta na campanha às eleições presidenciais francesas, em abril, e favorecer o presidente, Nicolas Sarkozy, e também a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.

Um estudo do instituto CSA realizado nos últimos dois dias após o drama na escola judaica revela que Sarkozy passou a liderar as pesquisas do primeiro turno com 30% das intenções de voto, dois pontos à frente do rival socialista François Hollande.

Essa é a primeira vez que o presidente lidera no primeiro turno nas pesquisas do instituto CSA. No segundo turno, no entanto, não houve mudanças, e Hollande continua totalizando 54% e Sarkozy, 46%.

"Hoje, os franceses não acreditam mais em Sarkozy quando ele faz propostas. Mas no caso de uma forte crise ocorrer durante a campanha, em relação a questões de segurança ou econômicas, o candidato Sarkozy pode ser beneficiado pelo seu status de presidente", afirma Gaël Sliman, diretor do instituto de pesquisas BVA.

"Essas eventuais crises, sobretudo terroristas, podem mudar a natureza da disputa", diz ele. "O candidato UMP (partido de Sarkozy) vai recolher o sucesso do presidente", escreve o jornal Le Monde.

Os discursos e encontros realizados por Sarkozy nos últimos dias voltaram a ter maior visibilidade e assumiram o caráter solene da função presidencial neste momento de choque no país.

Contra o radicalismo
Para os especialistas, o fato de Merah, um francês de origem argelina, estar ligado a movimentos radicais islâmicos pode favorecer a candidatura de Marine Le Pen, do partido de extrema-direita Frente Nacional.

Com as revelações das autoridades de que Merah tinha ligações com a rede Al Qaeda, a candidata se sente reforçada em seus temas prediletos: a luta contra o islamismo e a imigração e problemas de segurança.

Diário do Nordeste

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