Policiais durante ação que teve o objetivo de capturar Merah, acusado de matar sete pessoas, entre elas três crianças
FOTO: REUTERS
Após ataques, o presidente lidera, pela primeira vez, a pesquisa de intenções de voto
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Depois de quase 30 horas de negociação, Mohammed Merah foi morto ontem pela Polícia francesa
Toulouse.
Autoridades francesas relataram que Mohammed Merah - assassino de sete
pessoas na região de Toulouse - morreu ontem com uma bala na cabeça
durante operação policial que pôs fim a um cerco de 30 horas.
O
promotor François Molins afirmou que os agentes da Raid (unidade de
elite da Polícia) fizeram "todos os esforços" para capturar Merah vivo,
mas que atuaram "em legítima defesa" quando o suspeito dos crimes saltou
pela janela do apartamento, atirando contra os policiais.
Ele
era acusado de matar três crianças e um professor em uma escola judaica
na segunda-feira (19). Em outros dois ataques na semana passada, teria
atirado contra três soldados em Montauban, próximo a Toulouse, que
também morreram.
Durante o cerco, Merah prometeu por várias vezes
se render. Ontem por volta das 11h no horário local (7h de Brasília),
policiais conseguir entrar no apartamento, quando foram ouvidos diversos
disparos do lado de fora do prédio.
A operação culminou então com a morte de Merah, que havia declarado desejar morrer "de armas na mão".
Francês
de origem argelina, o jovem de 23 anos tinha antecedentes criminais.
Ele esteve no Paquistão e no Afeganistão e se declarava jihadista da Al
Qaeda.
Uma investigação deve determinar se ele atuou sozinho ou com a ajuda de uma célula.
Ontem,
um grupo vinculado à Al Qaeda reivindicou os ataques em um comunicado
divulgado na internet, no qual convocou o governo francês a revisar sua
política hostil em relação aos muçulmanos.
Segundo o comunicado, os ataques foram praticados por "Yusef o francês", classificado como "um dos cavaleiros do Islã".
"Essa operação bendita sacudiu os pilares dos sionistas cruzados no mundo inteiro e nós a reivindicamos", afirma o grupo.
O
grupo exigiu que o governo francês "revise sua política em relação aos
muçulmanos no mundo" e "abandone suas tendências hostis ao Islã", ao
considerar que esta política só vai gerar "desgraça e destruição".
Guerra ao terror
O
presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou que deseja instituir
medidas penais para reprimir a apologia ao terrorismo ou o apelo ao ódio
e à violência na internet, em viagens ou nas prisões. "Estes delitos
serão castigados penalmente", afirmou.
"A partir de agora,
qualquer pessoa que consultar páginas na internet que promovam a
violência será castigada penalmente", disse o presidente.
Sarkozy assume liderança em disputa
Paris.
Os ataques contra uma escola judaica e militares em Toulouse poderão
criar uma reviravolta na campanha às eleições presidenciais francesas,
em abril, e favorecer o presidente, Nicolas Sarkozy, e também a
candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.
Um estudo do
instituto CSA realizado nos últimos dois dias após o drama na escola
judaica revela que Sarkozy passou a liderar as pesquisas do primeiro
turno com 30% das intenções de voto, dois pontos à frente do rival
socialista François Hollande.
Essa é a primeira vez que o
presidente lidera no primeiro turno nas pesquisas do instituto CSA. No
segundo turno, no entanto, não houve mudanças, e Hollande continua
totalizando 54% e Sarkozy, 46%.
"Hoje, os franceses não acreditam
mais em Sarkozy quando ele faz propostas. Mas no caso de uma forte
crise ocorrer durante a campanha, em relação a questões de segurança ou
econômicas, o candidato Sarkozy pode ser beneficiado pelo seu status de
presidente", afirma Gaël Sliman, diretor do instituto de pesquisas BVA.
"Essas
eventuais crises, sobretudo terroristas, podem mudar a natureza da
disputa", diz ele. "O candidato UMP (partido de Sarkozy) vai recolher o
sucesso do presidente", escreve o jornal Le Monde.
Os discursos e
encontros realizados por Sarkozy nos últimos dias voltaram a ter maior
visibilidade e assumiram o caráter solene da função presidencial neste
momento de choque no país.
Contra o radicalismo
Para
os especialistas, o fato de Merah, um francês de origem argelina, estar
ligado a movimentos radicais islâmicos pode favorecer a candidatura de
Marine Le Pen, do partido de extrema-direita Frente Nacional.
Com
as revelações das autoridades de que Merah tinha ligações com a rede Al
Qaeda, a candidata se sente reforçada em seus temas prediletos: a luta
contra o islamismo e a imigração e problemas de segurança.
Diário do Nordeste
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