sexta-feira, 23 de março de 2012

Renda média no NE avança 13,5%

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Na região Nordeste, a renda média disponível (descontados os gastos) ficou em R$ 205 no ano passado, ante R$ 122, em 2010
FOTO: JULIANA VASQUEZ
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Em 2011, a renda média familiar na região foi de R$ 1.070, ante R$ 943 em 2010. O 2º maior crescimento no Brasil

A renda média familiar mensal cresceu praticamente em todas as regiões brasileiras no ano passado, segundo pesquisa divulgada ontem pela Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas em parceria com o Instituto Ipsos. O Nordeste, embora indique a menor renda média mensal das famílias, em 2011 - R$ 1.070, foi a região que apresentou o segundo melhor crescimento neste indicador no País, com 13,5% ante o ano anterior, quando o valor era de R$ 943.

Entretanto, o resultado observado entre as famílias nordestinas representa apenas 74% do que ganha, mensalmente, uma família considerando a média nacional (R$ 1.450).

À sua frente está o Sul, região onde, em média, a renda familiar mensal era de R$ 1.877, em 2011, cerca de 18% acima à observada em 2010 - R$ 1.589. Em seguida, aparece, em conjunto, o Norte e o Centro-Oeste, com um valor de R$ 1.760, ante R$ 1.694, o que equivale a um acréscimo de 4%. Nesse contexto, apenas a região Sudeste não registrou avanço na renda média familiar mensal. Enquanto em 2010 o indicador era de R$ 1.874, no ano seguinte caiu para R$ 1.811, retração de quase 3%.

Disponibilidades

A renda média disponível mensal (descontados os gastos) também é outro indicador que contabilizou melhoria no ano passado, em todo o Brasil, no confronto com o ano anterior.

No Nordeste, o valor saiu de R$ 122, em 2010, para R$ 205, em 2011, um avanço de 68%, que apesar de expressivo, ficou atrás do registrado nas regiões Norte e Centro-este em conjunto, onde a expansão chegou a mais de 78% (78,4%), com essa renda alcançando uma média de R$ 628, no ano passado, contra R$ 352, em 2010. Os aumentos na disponibilidade da renda revela que houve maior contenção de gastos nessas regiões.

Na comparação com a média brasileira, o rendimento disponível mensal das famílias nordestinas, em 2011, representa em torno de apenas 46%.

Já com acréscimos inferiores, 12% e 7%, respectivamente, vêm as regiões Sul e Sudeste. Na primeira, entre os dois anos, a renda disponível saiu de R$ 367 para R$ 410. Já na segunda, subiu de R$ 520 para R$ 557.

Famílias nordestinas poupam 80% mais

Por conta de mais renda disponível, a média dos valores investidos aumentou em 2011. No mês anterior à realização da pesquisa (novembro do ano passado), as famílias nordestinas declararam ter colocado R$ 816 em aplicações, ante R$ 452 em 2010. Ou seja, R$ 364 a mais, ou aproximadamente 80% acima. Na sequência, apareceram as famílias da região Sul, com incremento de quase 50% no volume investido, saindo de R$ 600 para R$ 897; e as do Sudeste, com avanço de 11,7% (de R$ 512 para R$ 572).

Por outro lado, apesar do crescimento na renda e do aumento no valor destinado à poupança, a proporção de brasileiros que destinaram dinheiro a aplicações caiu – recuo de 5% para 3% no Nordeste; de 9% para 5% no Norte/Centro-Oeste; 10% para 7% no Sudeste; permanecendo em 7% no Sul. (ADJ)

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
É fácil crescer com base baixa

A renda cresceu muito no Nordeste justamente por essa renda ser muito pequena aqui. Quando se tem uma base baixa, é fácil crescer muito. Sem dúvida, o grande impulsionador desse crescimento são os programas de transferência de renda do governo federal, que melhoraram a vida das populações de baixa renda.

Consequentemente, esse dinheiro injetou mais dinâmica na economia. As pessoas passaram a consumir mais, as demandas por produtos e serviços cresceram etc. Tudo isso criou um círculo virtuoso, gerando mais emprego, renda e consumo.

A renda ainda é baixa no Nordeste porque, dentre outros fatores, a qualidade do emprego ainda precisa melhorar e o nível de qualificação profissional das pessoas ainda é muito baixo. Contudo, essa realidade está começando a mudar e, nos próximos anos, a gente deve continuar vendo o Nordeste com uma dinâmica econômica muito boa, apresentando grande crescimento da renda. Enquanto tivermos o apoio dos programas sociais para as classes de baixa renda, esse crescimento continuará sendo expressivo. Vale ressaltar que, apesar das mudanças significativas e dos avanços registrados nos últimos anos, o Nordeste ainda tem um longo caminho a percorrer.

Ênio Viana
Economista e diretor do Ibef

ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER
 
Diário do Nordeste

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