As
mulheres, por vergonha, não procuram os centros de referência em aborto
legal, mas sim as clínicas clandestinas. Para a coordenadora do
Gonzaguinha de Messejana, Ineida Sales, é preciso informação sobre a lei
FOTO: LIANA SAMPAIO (08/08/2011)
O Estado conta com 12 centros de referência para o procedimento, porém, a procura é considerada baixa
Oferecer
ajuda a mulheres vítimas de violência sexual é ainda um desafio.
Contudo, algumas dificuldades estão sendo, aos poucos, vencidas. Após
sofrer abusos, surge uma gravidez indesejada e, com a lei ao seu lado,
essas mulheres optam pelo aborto legal, método amparado pelo Código
Penal brasileiro.
No Ceará, conforme dados do Ministério da
Saúde, existem 12 centros de referência aptos a realizar o procedimento,
sendo, portanto, hoje, o Estado que apresenta o maior número de espaços
do tipo no País. São Paulo, por exemplo, conta com 11 centros. A
estatística, segundo o Ministério, não está ligada à quantidade de
abortos realizados. Ainda conforme o órgão, 30 hospitais, em todo o
Brasil, estão em processo de qualificação para oferecer a assistência.
O
assunto gera polêmica. Muitos se posicionam contra, outros a favor. Mas
o fato é que a lei prevê o direito à mulher de realizar o aborto em
dois casos: quando há violência sexual ou risco de morte. Em ambos, não
são necessários ordem judicial ou Boletim de Ocorrência (B.O.).
O
coordenador da área técnica da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal
de Saúde (SMS), Silvio Carlos Freitas, explica que, em Fortaleza, apesar
da quantidade de centros de referência, a procura pelo atendimento é
considerada baixa. "As mulheres ficam temerosas e não sabem do amparo.
As unidades realizam poucos abortos legais, não porque tenha pouca
gravidez originada de violência, mas, sim, pela baixa procura. Essa é a
realidade de todo o Brasil", diz.
Na Capital, cita o coordenador,
as mulheres podem procurar atendimento, por exemplo, nos Gonzaguinhas
de Messejana e do José Walter e no Hospital e Maternidade Nossa Senhora
da Conceição. "Temos, em Fortaleza, cerca de 900 mil mulheres em idade
reprodutiva. Nossa cidade já conta com profissionais qualificados e uma
rede de assistência que deverá se expandir com o Hospital da Mulher. Mas
acredito que toda maternidade deveria realizar o atendimento".
Sílvio
Freitas explica que a mulher, após sofrer violência sexual, deve
procurar imediatamente uma unidade de saúde para passar por exames e
receber medicação, como pílula que previne gravidez e doenças
sexualmente transmissíveis.
A coordenadora dos projetos e
programas do Gonzaguinha de Messejana, Ineida Sales, também enfatiza a
importância da mulher buscar um atendimento adequado, visto que o
estupro seguido da gravidez e do aborto legal, são questões de segurança
e saúde pública. "Essa mulher, por vergonha, não procura os centros de
referência, mas, sim, as clínicas clandestinas. É preciso maior
conscientização desse direito previsto por lei".
Conforme a
coordenadora, nos centros, a gestante é acompanhada por médicos,
psicólogos e assistentes sociais para que a violência seja comprovada. O
aborto legal só poderá ser feito até a 12ª semana de gestação.
Qualificação
30
hospitais, em todo o Brasil, estão sendo capacitados para oferecer a
assistência. Não há previsão para a ação em unidades do Ceará, segundo o
Ministério da Saúde
JÉSSICA PETRUCCI
REPÓRTER
Diário do Nordeste
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