terça-feira, 13 de março de 2012

Governo troca de líder no Congresso para debelar crise

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Jucá foi líder do governo na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, mas também ocupou o posto no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
FOTO: AG. BRASIL
Jucá estava desgastado com a presidente. Na semana passada, cometeu dois erros que ajudaram na sua saída
Brasília. Menos de uma semana depois de ter sido derrotada pelos senadores na recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a presidente Dilma Rousseff decidiu trocar os articuladores do governo no Congresso. Mas manteve o cargo com o PMDB, sinal de que respeita o gigantismo do partido do vice-presidente Michel Temer.

Para o lugar do líder no Senado, Romero Jucá (RR), ela chamou o senador amazonense Eduardo Braga (AM).

Ao fazer a troca de líderes, Dilma disse que pretende pôr em prática um rodízio no Senado e na Câmara. Significa que o líder Cândido Vaccarezza (PT-SP) também será trocado.

As mudanças feitas pela presidente visam a tentar debelar a crise existente hoje entre o Congresso e o Palácio do Planalto, uma junção de descontentamento com falta de liberação de emendas parlamentares ao Orçamento da União e demora na nomeação de indicados para cargos em estatais.

É comum a presidente e seus ministros serem abastecidos com informações que dão segurança quanto ao resultado de uma votação. Mas, quando o placar eletrônico é aberto, nada bate com o que os líderes disseram.

Um dos exemplos mais usados pela presidente nos últimos dias para falar do problema na comunicação foi a votação do Fundo de Previdência do Servidor Público (Funpresp) pela Câmara. O PDT deu 22 votos contra a criação do fundo, o PSB 17 e o PT oito.

As informações que chegaram ao Palácio do Planalto diziam que as defecções seriam mínimas e o projeto seria aprovado sem problemas. De fato, foi aprovado, com dificuldades.

"Eu pretendo fazer um rodízio de líderes a partir de agora, tanto no Senado quanto na Câmara", disse a presidente ao líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).

Ela o convidou para conversar ontem à tarde, quando comunicou que havia convidado Eduardo Braga para o cargo de líder e que este tinha aceitado substituir Jucá.

Braga, que foi governador do Amazonas por dois mandatos, é muito amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este, embora se recuperando de um tratamento de câncer, vinha dizendo a Dilma Rousseff que ela precisava fazer mudanças nos cargos de líderes. E defendia o nome de Eduardo Braga.

O amazonense integrava o grupo chamado de G8, que aglutina oito senadores que contestam a liderança de Renan Calheiros. Alguns, como Jarbas Vasconcelos (PE) e Waldemir Moka (MS), votaram no tucano José Serra em 2010. Braga, pelo contrário, foi fiel a Dilma e ajudou-a na eleição. Mas, por não se dar com Renan, vivia numa espécie de limbo. A presidente acha que com ele as articulações ganharão em agilidade.

Desgaste
Jucá estava desgastado com a presidente. Na semana passada, cometeu dois erros que ajudaram a tirá-lo do cargo. Primeiro, informou a presidente de que a indicação de Bernardo Figueiredo seria aprovada.

Depois, retirou de pauta um projeto de interesse da presidente, o que pune empresas que pagarem salários inferiores para as mulheres nos mesmos cargos exercidos por colegas homens. Dilma queria sancionar o projeto no dia 8, Dia Internacional da Mulher.

Na prática, a troca atende ao chamado grupo "dissidente" do PMDB, que reclamava da pouca articulação com o governo. Braga tem trânsito com o Palácio do Planalto e também com a bancada do PMDB no Senado, que reclamava do excesso de concentração de poder nas mãos de Jucá, Renan e do presidente do Senado, José Sarney.

Jucá foi líder do governo na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, mas também ocupou o posto no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Diário do Nordeste

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