Jucá
foi líder do governo na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, mas também
ocupou o posto no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
FOTO: AG. BRASIL
Jucá estava desgastado com a presidente. Na semana passada, cometeu dois erros que ajudaram na sua saída
Brasília.
Menos de uma semana depois de ter sido derrotada pelos senadores na
recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a presidente Dilma Rousseff
decidiu trocar os articuladores do governo no Congresso. Mas manteve o
cargo com o PMDB, sinal de que respeita o gigantismo do partido do
vice-presidente Michel Temer.
Para o lugar do líder no Senado, Romero Jucá (RR), ela chamou o senador amazonense Eduardo Braga (AM).
Ao
fazer a troca de líderes, Dilma disse que pretende pôr em prática um
rodízio no Senado e na Câmara. Significa que o líder Cândido Vaccarezza
(PT-SP) também será trocado.
As mudanças feitas pela presidente
visam a tentar debelar a crise existente hoje entre o Congresso e o
Palácio do Planalto, uma junção de descontentamento com falta de
liberação de emendas parlamentares ao Orçamento da União e demora na
nomeação de indicados para cargos em estatais.
É comum a
presidente e seus ministros serem abastecidos com informações que dão
segurança quanto ao resultado de uma votação. Mas, quando o placar
eletrônico é aberto, nada bate com o que os líderes disseram.
Um
dos exemplos mais usados pela presidente nos últimos dias para falar do
problema na comunicação foi a votação do Fundo de Previdência do
Servidor Público (Funpresp) pela Câmara. O PDT deu 22 votos contra a
criação do fundo, o PSB 17 e o PT oito.
As informações que
chegaram ao Palácio do Planalto diziam que as defecções seriam mínimas e
o projeto seria aprovado sem problemas. De fato, foi aprovado, com
dificuldades.
"Eu pretendo fazer um rodízio de líderes a partir
de agora, tanto no Senado quanto na Câmara", disse a presidente ao líder
do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).
Ela o convidou para
conversar ontem à tarde, quando comunicou que havia convidado Eduardo
Braga para o cargo de líder e que este tinha aceitado substituir Jucá.
Braga,
que foi governador do Amazonas por dois mandatos, é muito amigo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este, embora se recuperando de
um tratamento de câncer, vinha dizendo a Dilma Rousseff que ela
precisava fazer mudanças nos cargos de líderes. E defendia o nome de
Eduardo Braga.
O amazonense integrava o grupo chamado de G8, que
aglutina oito senadores que contestam a liderança de Renan Calheiros.
Alguns, como Jarbas Vasconcelos (PE) e Waldemir Moka (MS), votaram no
tucano José Serra em 2010. Braga, pelo contrário, foi fiel a Dilma e
ajudou-a na eleição. Mas, por não se dar com Renan, vivia numa espécie
de limbo. A presidente acha que com ele as articulações ganharão em
agilidade.
Desgaste
Jucá estava
desgastado com a presidente. Na semana passada, cometeu dois erros que
ajudaram a tirá-lo do cargo. Primeiro, informou a presidente de que a
indicação de Bernardo Figueiredo seria aprovada.
Depois, retirou
de pauta um projeto de interesse da presidente, o que pune empresas que
pagarem salários inferiores para as mulheres nos mesmos cargos exercidos
por colegas homens. Dilma queria sancionar o projeto no dia 8, Dia
Internacional da Mulher.
Na prática, a troca atende ao chamado
grupo "dissidente" do PMDB, que reclamava da pouca articulação com o
governo. Braga tem trânsito com o Palácio do Planalto e também com a
bancada do PMDB no Senado, que reclamava do excesso de concentração de
poder nas mãos de Jucá, Renan e do presidente do Senado, José Sarney.
Jucá
foi líder do governo na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, mas também
ocupou o posto no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Diário do Nordeste
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