segunda-feira, 12 de março de 2012

Japão relembra um ano da tragédia

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Menina japonesa recolhe pedaços dos escombros de sua casa
FOTO: REUTERS
350 mil pessoas ainda se encontram desalojadas. O governo calcula os danos em 156 bilhões de euros
Tóquio. Os japoneses celebraram ontem o primeiro aniversário do forte tremor seguido de tsunami que varreu a costa nordeste do país, desencadeando o mais grave acidente nuclear do mundo em 25 anos.

Um minuto de silêncio foi feito em todo o Japão, às 14h26 (horário local), exatamente um ano depois que um terremoto de magnitude 9,0 abalou Tohoku, provocando o pior tsunami da região em séculos. Em outros momentos, alguns japoneses também levantaram suas vozes em um protesto contra a política de energia nuclear do país.

Na região de Tohoku e em várias cidades do país, pessoas participaram de serviços memoriais e concertos, se reuniram com os familiares e amigos próximos e assistiram a reportagens especiais na televisão para relembrar o tríplice desastre que mudou tantas vidas. Cerca de 19 mil pessoas morreram ou ficaram desaparecidas - vítimas principalmente das ondas gigantes que varreram dezenas de comunidades ao longo da costa nordeste. O dia de ontem também testemunhou um ativismo recém surgido em uma nação conhecida pela indiferença política.

Manifestações antinucleares aconteceram em importantes cidades, incluindo um grande protesto em frente à sede da Tokyo Electric Power, operadora da usina nuclear Fukushima Daiichi.

A demonstração em Tóquio atraiu cerca de 30 mil pessoas, disseram organizadores, tornando-se uma das maiores do último ano. "É importante rezar pelas vítimas do desastre de 11 de março. Mas as orações por si só não mudarão o país", disse Miyako Maekita, organizador dos protestos na capital.

Em Fukushima, uma manifestação em um estádio de baseball reuniu 16 mil pessoas, segundo organizadores, incluindo muitos agricultores e pescadores cujos meios de subsistência se perderam desde a tragédia.

O acidente de Fukushima contaminou severamente as cidades vizinhas, dentro e fora de um raio de 20 quilômetros, forçando dezenas de milhares de moradores e se mudar de suas casas. O governo deve revisar as várias áreas de evacuação no final de março, e declarar algumas delas inabitáveis por décadas.

Reconstrução

A reconstrução total das áreas atingidas pelo terremoto seguido por tsunami e acidentes nucleares no Japão deve levar pelo menos uma década, segundo especialistas do governo.

Tóquio desembolsa 20,9 trilhões de ienes (cerca de US$ 250 bilhões) - quase o mesmo tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal - para reconstruir o nordeste. Os gastos incham as dívidas do governo do Japão, que já são as piores entre as grandes nações, levantando preocupações sobre a sua sustentabilidade.

No país, cerca de 350 mil pessoas esperam por uma casa. Mais de 50 mil moradias temporárias foram construídas. Pelos dados do governo, os danos são superiores a 156 bilhões de euros. A ideia é investir 213 bilhões de euros nos próximos dez anos. Nos primeiros cinco anos, 176 bilhões serão aplicados.

O secretário de Estado para a Reconstrução, Kazuko Kori, disse que a dificuldade também é considerada grande quando se pensa o que fazer com "a quantidade de escombros" espalhada pelo país. A estimativa é que existam de 20 milhões a 25 milhões de toneladas. Para o governo, outros desafios são a criação de emprego e o apoio psicológico às vítimas.

Diário do Nordeste

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