Menina japonesa recolhe pedaços dos escombros de sua casa
FOTO: REUTERS
350 mil pessoas ainda se encontram desalojadas. O governo calcula os danos em 156 bilhões de euros
Tóquio.
Os japoneses celebraram ontem o primeiro aniversário do forte tremor
seguido de tsunami que varreu a costa nordeste do país, desencadeando o
mais grave acidente nuclear do mundo em 25 anos.
Um minuto de
silêncio foi feito em todo o Japão, às 14h26 (horário local), exatamente
um ano depois que um terremoto de magnitude 9,0 abalou Tohoku,
provocando o pior tsunami da região em séculos. Em outros momentos,
alguns japoneses também levantaram suas vozes em um protesto contra a
política de energia nuclear do país.
Na região de Tohoku e em
várias cidades do país, pessoas participaram de serviços memoriais e
concertos, se reuniram com os familiares e amigos próximos e assistiram a
reportagens especiais na televisão para relembrar o tríplice desastre
que mudou tantas vidas. Cerca de 19 mil pessoas morreram ou ficaram
desaparecidas - vítimas principalmente das ondas gigantes que varreram
dezenas de comunidades ao longo da costa nordeste. O dia de ontem também
testemunhou um ativismo recém surgido em uma nação conhecida pela
indiferença política.
Manifestações antinucleares aconteceram em
importantes cidades, incluindo um grande protesto em frente à sede da
Tokyo Electric Power, operadora da usina nuclear Fukushima Daiichi.
A
demonstração em Tóquio atraiu cerca de 30 mil pessoas, disseram
organizadores, tornando-se uma das maiores do último ano. "É importante
rezar pelas vítimas do desastre de 11 de março. Mas as orações por si só
não mudarão o país", disse Miyako Maekita, organizador dos protestos na
capital.
Em Fukushima, uma manifestação em um estádio de
baseball reuniu 16 mil pessoas, segundo organizadores, incluindo muitos
agricultores e pescadores cujos meios de subsistência se perderam desde a
tragédia.
O acidente de Fukushima contaminou severamente as
cidades vizinhas, dentro e fora de um raio de 20 quilômetros, forçando
dezenas de milhares de moradores e se mudar de suas casas. O governo
deve revisar as várias áreas de evacuação no final de março, e declarar
algumas delas inabitáveis por décadas.
Reconstrução
A
reconstrução total das áreas atingidas pelo terremoto seguido por
tsunami e acidentes nucleares no Japão deve levar pelo menos uma década,
segundo especialistas do governo.
Tóquio desembolsa 20,9
trilhões de ienes (cerca de US$ 250 bilhões) - quase o mesmo tamanho do
Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal - para reconstruir o nordeste.
Os gastos incham as dívidas do governo do Japão, que já são as piores
entre as grandes nações, levantando preocupações sobre a sua
sustentabilidade.
No país, cerca de 350 mil pessoas esperam por
uma casa. Mais de 50 mil moradias temporárias foram construídas. Pelos
dados do governo, os danos são superiores a 156 bilhões de euros. A
ideia é investir 213 bilhões de euros nos próximos dez anos. Nos
primeiros cinco anos, 176 bilhões serão aplicados.
O secretário
de Estado para a Reconstrução, Kazuko Kori, disse que a dificuldade
também é considerada grande quando se pensa o que fazer com "a
quantidade de escombros" espalhada pelo país. A estimativa é que existam
de 20 milhões a 25 milhões de toneladas. Para o governo, outros
desafios são a criação de emprego e o apoio psicológico às vítimas.
Diário do Nordeste
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