O
Conselho Nacional pediu a criação de uma zona de exclusão aérea e
ataques contra tropas do governo Kofi Annan avaliou a situação da Síria
como perigosa e difícil, mas mantém otimismo
FOTO: REUTERS
Istambul. O Conselho Nacional da Síria (CNS), que
reúne vários grupos da oposição ao governo sírio, pediu ontem uma
intervenção militar estrangeira "urgente" após relatos de que foram
encontrados em Homs 47 corpos de mulheres e crianças mortas em um
massacre.
A oposição diz que soldados da força do ditador Bashar
al Assad chacinaram os civis, enquanto o governo acusou "grupos
terroristas" pela matança. Algumas mulheres foram estupradas antes de
serem mortas e várias crianças foram degoladas.
"Nós pedimos uma
intervenção militar árabe e internacional urgente" na Síria, disse o
líder do CNS, Georges Sabra, que também pediu a criação de uma zona de
exclusão aérea sobre todo o espaço aéreo sírio e "ataques" contra as
tropas do governo.
Investigadores das Organizações das Nações
Unidas (ONU) também informaram ontem que o governo da Síria tem
submetido os civis a punições coletivas e suas forças continuam sendo
acusadas de perpetrar execuções e prisões em massa no bairro de Baba
Amr, em Homs.
Falando ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em
nome de um painel independente, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro
afirmou que os autores desses crimes precisam enfrentar a Justiça. Ele
não deu o nome de nenhum suspeito.
O painel composto por três
integrantes, porém, afirmou no mês passado que redigiu uma lista
confidencial de suspeitos de estarem por trás dos supostos crimes contra
a humanidade, incluindo homicídio e tortura.
Um mês de bombardeio incessante das forças sírias levou morte e destruição a Baba Amr, disse Pinheiro, presidente do painel.
"Aqueles
que fugiram da área relataram a ocorrência de execuções sumárias e
campanhas arbitrárias de detenção em massa", afirmou o brasileiro em
discurso ao fórum de 47 membros, em Genebra, na Suíça.
Segundo
ele, a situação humanitária e de direitos humanos está mais desoladora
em bairros de Homs, Idlib, Hama, na zona rural de Damasco e de Deraa.
"O
que está claro é que os civis continuam a enfrentar a força da violenta
disputa. A força usada pelo governo contra grupos armados
frequentemente levou à punição coletiva de civis".
Vítimas
A
ONU diz que bem mais do que 7.500 pessoas morreram em um ano de
protesto contra o governo de Assad. "Entre elas estão mais de 500
crianças e o "número está subindo", disse Pinheiro.
O
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que Assad tome medidas nos
próximos dias com relação às propostas da ONU e da Liga Árabe.
O
embaixador da Síria na ONU em Genebra, Faysal Khabbaz Hamoui,
classificou como "politizado" o trabalho do painel da ONU. "Ele perdeu
sua marca legal e ética", afirmou.
Centenas de pessoas
participaram ontem em Oyster Bay -Long Island, perto de Nova York - do
funeral da jornalista americana Marie Colvin, que morreu na Síria, no
dia 22 de fevereiro, e foi lembrada como uma mulher que "acreditava na
vida".
Missão
O enviado da Liga Árabe e
da ONU à Síria, Kofi Annan, disse que a missão de mediação na Síria está
indo no caminho certo, embora a crise não tenha dado sinais de
enfraquecimento, afirmou seu porta-voz ontem.
Annan se encontrou
com o presidente sírio e com líderes da oposição no fim de semana. O
enviado também falou com o chefe da Liga Árabe e com chanceleres da
Rússia e da Arábia Saudita, todos envolvidos nas negociações para o fim
da crise, disse o porta-voz Ahmad Fawzi.
"Ele ofereceu propostas
concretas a Assad para o fim das hostilidades, acesso humanitários e
diálogo político e espera ouvir uma resposta em breve", declarou Fawzi.
"A situação é tão ruim e perigosa que nós não podemos nos dar o luxo de falhar", disse o ex-secretário-geral da ONU.
Diário do Nordeste
0 comentários:
Postar um comentário
Todos os comentários são lidos e moderados previamente
São publicados aqueles que respeitam as regras abaixo:
-Seu comentário precisa ter relação com o assunto da matéria
- Não serão aceitos comentários difamatórios
- Em hipótese alguma faça propaganda de outros sites ou blogs
Os Comentários dos leitores não refletem as opiniões do do TR.