Hospital
São Vicente de Paulo, em Barbalha, onde o menino de 9 anos estava
internado com sintomas da doença desde o último dia 22
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Em caso de agressão de animais, ferimento deve ser lavado com água e sabão e pessoa deve ser encaminhada ao médico
Barbalha O quinto óbito de raiva humana no Estado, em oito anos, foi registrado na manhã de ontem, neste Município, às 5h40, no Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo. O garoto de 9 anos, de iniciais C.E.F., teve parada cardiorrespiratória.
Ele foi internado com sintomas da doença no último dia 22, depois de transferido do Hospital Geral Brejo Santo, com suspeita de meningite. Há mais de 30 dias que a criança havia sido mordida por um sagui, popularmente conhecido por soim, na zona rural de Jati, onde morava.
Alguns dias depois, a família percebeu os sintomas. Das cinco pessoas que morreram por raiva humana, quatro delas foram mordidas pelo animal. O menino será sepultado na manhã de hoje, no Município de Jati.
O garoto deu entrada no Hospital São Vicente de Paulo com um quadro de inquietação, febre e vômitos. A hipótese de meningite chegou a ser afastada pelos médicos, em Barbalha, logo que a criança chegou ao hospital de Barbalha.
Durante conversa com os familiares, os médicos foram informados que o garoto havia sido mordido pelo sagui no início de fevereiro, o que afastou de imediato a hipótese dele estar com quadro de meningite. A imunização, segundo o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde do Estado, Manoel Fonseca, teria impedido que o vírus se instalasse no organismo da criança.
A suspeita de raiva humana surgiu veio depois que os médicos foram informados que C.E.F. havia sido mordido por um sagui, há 30 dias.
O garoto não havia realizado a prevenção da doença. Os profissionais solicitaram diagnóstico de um neurologista e também de um infectologista para que o tratamento fosse iniciado. Os familiares de C.E.F. ficaram até o início da tarde de ontem, em Barbalha, no Sistema de Verificação de Óbito (SVO), até o corpo ser liberado para sepultamento.
O paciente permaneceu em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pediátrica, do hospital, com assistência de uma equipe de médicos do hospital e orientação de profissionais do Ministério da Saúde.
Foi iniciado o tratamento imediato, desde a detecção da doença, por meio do Protocolo de Recife, forma de tratamento adotada pelo médico americano Rodney Willoughby Jr., com antivirais e sedação profunda do paciente. Inclusive, segundo o diretor do hospital em Barbalha, Antônio Ernani Freitas, o próprio ´médico americano chegou a ser contatado.
Exames
Os exames iniciais para confirmação da doença foram realizados com amostras da saliva da criança, pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen). Além das poucas chances de vida, segundo o hospital, a criança demorou muito até receber atendimento médico. Os sintomas da doença, conforme o diretor do hospital, já estavam bastante avançados.
Logo que o menino chegou ao hospital, respirando com a ajuda de aparelhos, foi atendido por um neurologista e um infectologista. Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde autorizou o Hospital São Vicente a ministrar o último remédio que faltava no Protocolo de Recife.
Mesmo com as poucas chances de sobrevivência, o remédio não chegou a tempo. Mesmo com a confirmação da doença pelo laboratório de Fortaleza, estava sendo aguardado outro exame procedente de São Paulo.
No Estado do Ceará, foram registrados, desde 2005, casos em São Luis do Curu; 2008, em Camocim; 2010, em Chaval e Ipu; e em 2012, no Município de Jati. O único caso transmitido por mordida de cachorro aconteceu em Chaval.
Manoel Fonseca disse que os profissionais da Secretaria conversaram com todas a pessoas que tiveram contato com a criança e foi realizada imunização dos animais. Também foi feito um levantamento na área de pessoas que pudessem estar criando animais como raposa, guaxinin e mesmo o sagui, que é o mais comum.
Ele orienta que as pessoas não alimentem, prendam ou criem esses animais. Mas há também a transmissão por meio de mordidas de cães e morcegos. A criança do Município de Jati teve um dos dedos das mãos mordido pelo sagui.
Segundo o coordenador Manoel Fonseca, é a forma mais rápida de a transmissão acontecer, em que há maior risco, já que nas pontas dos dedos estão os terminais nervosos e a irrigação sanguínea. "Nas mãos estão os sentidos mais aguçados do corpo humano", enfatiza.
Campanha
A informação para a comunidade de Jati sobre os riscos da doença foi feito por meio do Núcleo de Vetores da Secretaria de Saúde do Estado. Preocupada com o caso, a Sesa irá iniciar campanha alertando contra a doença, principalmente com a transmissão relacionada a animais silvestres.
Com o slogan "Animal silvestre é para viver na mata", a finalidade é alertar para os casos registrados nos últimos anos, em que 80% deles aconteceram com transmissões por meio do soim, que é mais difícil de ser imunização porque vive nas matas.
O grau de letalidade da raiva, segundo a Secretaria de Saúde, é próxima de 100%. No Brasil, foi registrado apenas o caso do pernambucano de 16 anos, Marciano Gomes, em que foi aplicado o Protocolo Recife. Outro caso aconteceu nos Estados Unidos, mas os dois pacientes ficaram com sequelas.
O caso da Jati aconteceu quando crianças saíram para a mata para caçar, inadvertidamente, um soim. Levaram o animal para casa e um deles passou a brincar com o bicho, quando foi mordido no polegar. O corte profundo provocado pela mordida foi a porta de entra do vírus da raiva. Os sintomas da doença começaram 20 dias depois.
Mais informações:
Secretaria de Saúde do Estado
Avenida Almirante Barroso, 600
Praia de Iracema
Fortaleza - CE
Telefone: (85) 3101.5123
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
Barbalha O quinto óbito de raiva humana no Estado, em oito anos, foi registrado na manhã de ontem, neste Município, às 5h40, no Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo. O garoto de 9 anos, de iniciais C.E.F., teve parada cardiorrespiratória.
Ele foi internado com sintomas da doença no último dia 22, depois de transferido do Hospital Geral Brejo Santo, com suspeita de meningite. Há mais de 30 dias que a criança havia sido mordida por um sagui, popularmente conhecido por soim, na zona rural de Jati, onde morava.
Alguns dias depois, a família percebeu os sintomas. Das cinco pessoas que morreram por raiva humana, quatro delas foram mordidas pelo animal. O menino será sepultado na manhã de hoje, no Município de Jati.
O garoto deu entrada no Hospital São Vicente de Paulo com um quadro de inquietação, febre e vômitos. A hipótese de meningite chegou a ser afastada pelos médicos, em Barbalha, logo que a criança chegou ao hospital de Barbalha.
Durante conversa com os familiares, os médicos foram informados que o garoto havia sido mordido pelo sagui no início de fevereiro, o que afastou de imediato a hipótese dele estar com quadro de meningite. A imunização, segundo o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde do Estado, Manoel Fonseca, teria impedido que o vírus se instalasse no organismo da criança.
A suspeita de raiva humana surgiu veio depois que os médicos foram informados que C.E.F. havia sido mordido por um sagui, há 30 dias.
O garoto não havia realizado a prevenção da doença. Os profissionais solicitaram diagnóstico de um neurologista e também de um infectologista para que o tratamento fosse iniciado. Os familiares de C.E.F. ficaram até o início da tarde de ontem, em Barbalha, no Sistema de Verificação de Óbito (SVO), até o corpo ser liberado para sepultamento.
O paciente permaneceu em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pediátrica, do hospital, com assistência de uma equipe de médicos do hospital e orientação de profissionais do Ministério da Saúde.
Foi iniciado o tratamento imediato, desde a detecção da doença, por meio do Protocolo de Recife, forma de tratamento adotada pelo médico americano Rodney Willoughby Jr., com antivirais e sedação profunda do paciente. Inclusive, segundo o diretor do hospital em Barbalha, Antônio Ernani Freitas, o próprio ´médico americano chegou a ser contatado.
Exames
Os exames iniciais para confirmação da doença foram realizados com amostras da saliva da criança, pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen). Além das poucas chances de vida, segundo o hospital, a criança demorou muito até receber atendimento médico. Os sintomas da doença, conforme o diretor do hospital, já estavam bastante avançados.
Logo que o menino chegou ao hospital, respirando com a ajuda de aparelhos, foi atendido por um neurologista e um infectologista. Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde autorizou o Hospital São Vicente a ministrar o último remédio que faltava no Protocolo de Recife.
Mesmo com as poucas chances de sobrevivência, o remédio não chegou a tempo. Mesmo com a confirmação da doença pelo laboratório de Fortaleza, estava sendo aguardado outro exame procedente de São Paulo.
No Estado do Ceará, foram registrados, desde 2005, casos em São Luis do Curu; 2008, em Camocim; 2010, em Chaval e Ipu; e em 2012, no Município de Jati. O único caso transmitido por mordida de cachorro aconteceu em Chaval.
Manoel Fonseca disse que os profissionais da Secretaria conversaram com todas a pessoas que tiveram contato com a criança e foi realizada imunização dos animais. Também foi feito um levantamento na área de pessoas que pudessem estar criando animais como raposa, guaxinin e mesmo o sagui, que é o mais comum.
Ele orienta que as pessoas não alimentem, prendam ou criem esses animais. Mas há também a transmissão por meio de mordidas de cães e morcegos. A criança do Município de Jati teve um dos dedos das mãos mordido pelo sagui.
Segundo o coordenador Manoel Fonseca, é a forma mais rápida de a transmissão acontecer, em que há maior risco, já que nas pontas dos dedos estão os terminais nervosos e a irrigação sanguínea. "Nas mãos estão os sentidos mais aguçados do corpo humano", enfatiza.
Campanha
A informação para a comunidade de Jati sobre os riscos da doença foi feito por meio do Núcleo de Vetores da Secretaria de Saúde do Estado. Preocupada com o caso, a Sesa irá iniciar campanha alertando contra a doença, principalmente com a transmissão relacionada a animais silvestres.
Com o slogan "Animal silvestre é para viver na mata", a finalidade é alertar para os casos registrados nos últimos anos, em que 80% deles aconteceram com transmissões por meio do soim, que é mais difícil de ser imunização porque vive nas matas.
O grau de letalidade da raiva, segundo a Secretaria de Saúde, é próxima de 100%. No Brasil, foi registrado apenas o caso do pernambucano de 16 anos, Marciano Gomes, em que foi aplicado o Protocolo Recife. Outro caso aconteceu nos Estados Unidos, mas os dois pacientes ficaram com sequelas.
O caso da Jati aconteceu quando crianças saíram para a mata para caçar, inadvertidamente, um soim. Levaram o animal para casa e um deles passou a brincar com o bicho, quando foi mordido no polegar. O corte profundo provocado pela mordida foi a porta de entra do vírus da raiva. Os sintomas da doença começaram 20 dias depois.
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REPÓRTER
Diário do Nordeste
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