As
fitinhas do Padre Cícero são tramadas no tear, formando um tecido
diferente e com colorido especial. A criação é base para modelos que se
destacam no cenário nacional e internacional
FOTOS: ELIZÂNGELA SANTOS
Juazeiro do Norte
A arte da tecelagem com motivos religiosos deste Município ganha o sul
do Brasil, pelas mãos criativas do juazeirense Alexandre Heberte. Em
janeiro deste ano, os tecidos produzidos pelo tecelão, que hoje se
encontra no seleto grupo dos grandes artesãos do mundo da moda no
Brasil, foram parar nas passarelas do concorrido São Paulo Fashion Week.
A maior semana de moda da América Latina, que no início deste ano
lançou moda inverno para mundo, contou com vários modelos vestidos do
famoso estilista João Pimenta.
Para se ter uma ideia da qualidade do trabalho, que vem chamando a atenção de tecelões veteranos, o seu material já foi motivo de reportagem de revista novaiorquina. Heberte se encontra de férias em Juazeiro do Norte e aproveita para apurar suas pesquisas. Agora está produzindo mais uma coleção exclusiva de verão para João Pimenta, ao mesmo em tempo que vem preparando material para a exposição que será realizada em maio, em São Paulo, onde reside há oito anos.
A exposição, intitulada "Ofício de Tecelão", fará parte da Eco Day, que tem como curadora Bete Landmann. Esse mesmo trabalho estava sendo produzido para acontecer em Juazeiro do Norte, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBN). Mas o que chama mesmo atenção do trabalho são os artigos reciclados utilizados pelo tecelão manual, que adquiriu o tear de quatro quadros para desenvolver os tecidos. A engenhoca enorme faz parta do seu dia-a-dia, no processo de criação.
Entre os materiais usados na produção dos tecidos estão desde tiras de fitas K7 e VHS ao colorido das fitinhas do Padre Cícero, artigo popular de Juazeiro, incorporada aos tecidos, dando um tom especial e o colorido, bem característico do Nordeste e algodão. Para o desfile na São Paulo Fashion Week, foram trabalhados tons mais sóbrios, dentro da criação de João Pimenta.
Dos 30 modelos, mais de 70% deles estiveram vestidos com material produzido por Heberte. Foram mais de 70 metros de tecidos produzidos manualmente em seu tear. E o processo criativo do artista do tecido não fica apenas na forma de introduzir elementos diferenciados, como elementos da cultura regional. Também busca a sustentabilidade, com o uso do material reciclado.
O tecelão também faz, por meio de técnicas diferenciadas, produzir tecidos exclusivos. Um deles é o tecido formado com nós. Algo que tem chamado a atenção, pela característica rara da produção das peças.
Heberte começou a se dedicar ao trabalho de tecelagem há oito anos, desde que chegou a São Paulo. Tem feito isso com afinco, já que, segundo ele, é necessária muita disciplina para o ofício, com cursos, onde tem buscado técnicas, realizando uma releitura, com sua própria visão criativa. Também ressalta um pouco dessa atitude criativa, de forma herdada da mãe costureira e do irmão, que produzia redes de pesca. A grande tirada para o trabalho aconteceu com os cachecóis que decidiu produzir, sem o propósito a que chegou na cidade paulista.
Estava sem trabalho e decidiu sair de porta em porta comercializando os 300 deles que produziu e o resultado foi o sucesso nas vendas. Todos foram vendidos. Criou um blog e decidiu todos os dias expor uma peça diferenciada do seu material, o que começou a chamar a atenção dos grandes artesãos de destaque em São Paulo. Bolsas e outros artigos são produzidos por ele.
A primeira exposição que fez foi uma homenagem aos amigos juazeirenses e à terra natal, denominada "Salão de Beleza", em São Paulo, onde foi usado o colorido dos artigos religiosos. Também produziu peças exclusivas para o cantor juazeirense, Daniel Peixoto, sucesso na Europa. Os modelos foram usados para o novo disco lançado pelo artista.
Com isso, obteve o espaço em sua primeira exposição virtual, na rede Tecendo na Net (Tenet), que reúne material produzido pelos grandes artesãos do tecido no Brasil.
Identificação
O reconhecimento do trabalho veio por meio da identificação de um dos grandes tecelões e designer do País, Juan Ojeia, argentino radicado no Brasil. Heberte passou a fazer parte do grupo seleto de 50 artesãos, todos com mais de três décadas na área. Dentro da nova geração de talentos, o juazeirense entra com destaque. São 50 mestres têxteis que fazem parte da rede. O trabalho foi no ano passado, e logo projetou a sua criação.
Mais informações:
Alexandre Heberte
http://peixesempeixes.blogspot.com
alexandre_heberte@hotmail.com
Telefones (11) 8780.6173/96215655
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
Para se ter uma ideia da qualidade do trabalho, que vem chamando a atenção de tecelões veteranos, o seu material já foi motivo de reportagem de revista novaiorquina. Heberte se encontra de férias em Juazeiro do Norte e aproveita para apurar suas pesquisas. Agora está produzindo mais uma coleção exclusiva de verão para João Pimenta, ao mesmo em tempo que vem preparando material para a exposição que será realizada em maio, em São Paulo, onde reside há oito anos.
A exposição, intitulada "Ofício de Tecelão", fará parte da Eco Day, que tem como curadora Bete Landmann. Esse mesmo trabalho estava sendo produzido para acontecer em Juazeiro do Norte, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBN). Mas o que chama mesmo atenção do trabalho são os artigos reciclados utilizados pelo tecelão manual, que adquiriu o tear de quatro quadros para desenvolver os tecidos. A engenhoca enorme faz parta do seu dia-a-dia, no processo de criação.
Entre os materiais usados na produção dos tecidos estão desde tiras de fitas K7 e VHS ao colorido das fitinhas do Padre Cícero, artigo popular de Juazeiro, incorporada aos tecidos, dando um tom especial e o colorido, bem característico do Nordeste e algodão. Para o desfile na São Paulo Fashion Week, foram trabalhados tons mais sóbrios, dentro da criação de João Pimenta.
Dos 30 modelos, mais de 70% deles estiveram vestidos com material produzido por Heberte. Foram mais de 70 metros de tecidos produzidos manualmente em seu tear. E o processo criativo do artista do tecido não fica apenas na forma de introduzir elementos diferenciados, como elementos da cultura regional. Também busca a sustentabilidade, com o uso do material reciclado.
O tecelão também faz, por meio de técnicas diferenciadas, produzir tecidos exclusivos. Um deles é o tecido formado com nós. Algo que tem chamado a atenção, pela característica rara da produção das peças.
Heberte começou a se dedicar ao trabalho de tecelagem há oito anos, desde que chegou a São Paulo. Tem feito isso com afinco, já que, segundo ele, é necessária muita disciplina para o ofício, com cursos, onde tem buscado técnicas, realizando uma releitura, com sua própria visão criativa. Também ressalta um pouco dessa atitude criativa, de forma herdada da mãe costureira e do irmão, que produzia redes de pesca. A grande tirada para o trabalho aconteceu com os cachecóis que decidiu produzir, sem o propósito a que chegou na cidade paulista.
Estava sem trabalho e decidiu sair de porta em porta comercializando os 300 deles que produziu e o resultado foi o sucesso nas vendas. Todos foram vendidos. Criou um blog e decidiu todos os dias expor uma peça diferenciada do seu material, o que começou a chamar a atenção dos grandes artesãos de destaque em São Paulo. Bolsas e outros artigos são produzidos por ele.
A primeira exposição que fez foi uma homenagem aos amigos juazeirenses e à terra natal, denominada "Salão de Beleza", em São Paulo, onde foi usado o colorido dos artigos religiosos. Também produziu peças exclusivas para o cantor juazeirense, Daniel Peixoto, sucesso na Europa. Os modelos foram usados para o novo disco lançado pelo artista.
Com isso, obteve o espaço em sua primeira exposição virtual, na rede Tecendo na Net (Tenet), que reúne material produzido pelos grandes artesãos do tecido no Brasil.
Identificação
O reconhecimento do trabalho veio por meio da identificação de um dos grandes tecelões e designer do País, Juan Ojeia, argentino radicado no Brasil. Heberte passou a fazer parte do grupo seleto de 50 artesãos, todos com mais de três décadas na área. Dentro da nova geração de talentos, o juazeirense entra com destaque. São 50 mestres têxteis que fazem parte da rede. O trabalho foi no ano passado, e logo projetou a sua criação.
Mais informações:
Alexandre Heberte
http://peixesempeixes.blogspot.com
alexandre_heberte@hotmail.com
Telefones (11) 8780.6173/96215655
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
Diário do Nordeste
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