Há
18 dias, José Evaldo Amâncio de Paula, 36, está detido na Delegacia de
Capturas, em Fortaleza, e pode ir para o presídio em breve
FOTO: KIKO SILVA
Emocionado, José Evaldo de Paula contou o momento difícil e diz ser inocente nos crimes que o irmão praticou
"Só
quero que tudo seja resolvido pra eu sair daqui". As palavras são de
José Evaldo Amâncio de Paula, 36, que está detido, há nove dias, na
Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) e diz ser inocente nos crimes
dos quais é acusado. Segundo ele, seu irmão José Valdery Amâncio de
Paula, falecido há dez anos, usava seu RG para se identificar nas
delegacias, quando era preso cometendo delitos.
Os irmãos são
naturais de Pentecoste (103Km de Fortaleza). O primeiro crime
supostamente cometido por Valdery, uma tentativa de homicídio, teria
sido lá, no ano 2000. Nesta ocasião, ele teria ido até a casa de Evaldo e
pedido uma bolsa para colocar alguns pertences para fugir. A cunhada
entregou uma mochila, onde estava a carteira de Evaldo. Foi assim que
Valdery teve acesso ao RG do irmão.
Algum tempo depois, Valdery
tomou uma moto de assalto e tentou assassinar um policial, em Paracuru.
Evaldo disse que viu na televisão que estava sendo acusado pelo crime, e
se assustou. "Vi num programa que estavam me acusando de uma coisa que
não fiz. Fui até à delegacia e registrei um B.O. dizendo que um bandido
estava usando meu nome e meus documentos". A Polícia conseguiu capturar
Valdery e recuperou o RG do irmão, que foi devolvido. Mas, no tempo em
que esteve com o documento, o acusado teria feito uma carteirinha de
doador de sangue no Hemoce, e passou a se identificar com ela.
Segundo
Evaldo, seu irmão Valdery foi morto por compassas, depois de um assalto
no bairro Antônio Bezerra, em 2003. "Quando foram dividir o que tinham
roubado, aconteceu uma confusão e mataram ele".
Evaldo é
analfabeto e disse que ficou todo esse tempo sem documentos, por que
tinha medo de ir até algum órgão público e ser preso, no lugar do irmão.
Mandados de prisão
Evaldo
mora na comunidade Munguba, no Icaraí, em Caucaia, há quatro anos, e
não sabia que sua situação perante a Justiça era tão grave. Seu irmão
mais novo, José Arnaldo Amâncio de Paula, se envolveu em uma briga de
bar, em Pentecoste, e foi detido pelo Ronda do Quarteirão.
Ao
chegar na delegacia, um policial percebeu a semelhança do nome e pensou
que o rapaz poderia ser o homem que estava sendo procurado. Quando os
nomes foram comparados Arnaldo disse que se tratava de um irmão seu, e
avisou a Evaldo.
"Passei 15 dias em Pentecoste tentando resolver
tudo isso. Decidi voltar e me entregar. Ficava com medo só de ver uma
viatura. Sou um homem trabalhador, não podia viver assim, fugindo feito
um criminoso".
Segundo a Polícia, contra ele existem três
mandados de prisão - por crimes de assalto, roubo de carro e porte
ilegal de arma - nas cidades de Pentecoste, Sobral e também em
Fortaleza.
Injustiça
O preso diz que não
está conseguindo lidar com a injustiça. "Todo mundo sabe que meu caráter
é muito diferente do meu irmão", desabafa. Segundo o delegado Decap,
Tarcísio Coelho, o fato só poderá ser resolvido na Justiça. "Ele pode
ser inocente, pode estar falando a verdade, mas esta é uma questão
meramente judicial. Só a Justiça pode determinar o que acontecerá". Um
defensor público foi, na manhã de ontem, até a Decap tentar esclarecer o
caso e libertar o homem preso no lugar do irmão bandido morto há nove
anos.
MÁRCIA FEITOSA
ESPECIAL PARA POLÍCIA
Diário do Nordeste
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