O
blog Ceará Científico tem noticiado nos últimos cinco meses diversos
avanços na busca por vida extraterrestre. Mas e se ela já tiver sido
descoberta e tiver passado despercebida?
É
o que parece indicar o estudo da Universidade do Sul da Califórnia,
comandado pelo ex-diretor do projeto espacial da NASA, Joseph Miller,
desde pelo menos o ano de 2001, sobre os dados colhidos pelas sondas
espaciais Viking 1 e 2, que aterrissou em Marte, em 1976.
Apesar
de já ter divulgado parte de suas conclusões no site da universidade há
11 anos (sem muito crédito naquela época), o assunto voltou a ganhar
força na internet essa semana, após o tradicional grupo de comunicação
científica National Geographic ter resolvido investigar a pesquisa de
Miller, feito novas entrevistas e repercuti-las junto à comunidade
acadêmica mundial.
O que viu (ou não) a Viking em 1976
As
sondas realizaram três experimentos especialmente concebidos para a
tarefa de encontrar vida (ou pelo menos matéria orgânica). O experimento
denominado LR trabalhou escavando um pouco de solo marciano e
misturando-o com uma gota de água que continha nutrientes e átomos de
carbono radioativos.
A
ideia era a de que se o solo continha micróbios, as formas de vida
metabolizariam os nutrientes e libertariam dióxido de carbono, compostos
radioativos ou gás metano, o que poderia ser medido por um detector de
radiação sobre a sonda. Uma série de experimentos de controle também
foram realizadas, incluindo o aquecimento de algumas amostras de solo de
Marte.
Depois
de aquecidas a diferentes temperaturas, as amostras era isoladas em
ambiente escuro por meses, condições que matariam micróbios
fotossintéticos ou que dependam de organismos fotossintéticos para a
sobrevivência. Estas amostras de controle foram também misturados com a
solução nutritiva.
Para
empolgação de muitos biólogos de então, o experimento LR indicou sinal
positivo para a vida, mas os experimentos de controle indicaram sinal
negativo, o que levou a Nasa a descartar o resultado do LR como
inconsistente. Mas a reanálise feita pela equipe de Miller dos dados de
1976, parece indicar que o equipamento que apontou a existência de vida
estava correto.
“É
muito possível que, se há micróbios lá, eles estão vivendo alguns
centímetros abaixo do solo marciano. Se você olhar de perto os dados da
Viking, pode ver que a medição radioativa de gás foi subindo durante o
dia e descendo durante a noite …. As oscilações tiveram um período de
24,66 horas. Isso é basicamente um ritmo circadiano, um bom sinal para a
vida”, explicou Miller.
Traduzindo:
as amostras oscilaram exatamente no mesmo período que dura um dia
marciano e é o mesmo que ocorre na Terra com os ciclos dos seres vivos
que duram um dia terrestre e são chamados de ciclo circadiano ou
relógios-biológicos. A equipe também comparou os dados da Viking com as
leituras de temperatura de um rato e de fontes não-biológicas.
A
equipe admite, no entanto, que este fato por si só não é suficiente
para provar que há vida em Marte. “Mas por alguma razão, a NASA nunca
enviou um microscópio em suas sondas. Se eles podem enviar equipamentos
de grande precisão para obter dados geólogos, eles devem ser capazes de
enviar equipamentos precisos também para obter dados biólogicos.”
Curiosity pode ser a Viking que dará certo
Mas
para (nossa) alegria e de Miller, a Nasa enviou no fim do ano passado, a
missão Mars Science Laboratory, também conhecido como Curiosity que vai
chegar no Planeta Vermelho ainda este ano e mesmo ainda sem levar um
microscópio leva equipamentos que têm a pretensão de buscar formas de
vida marcianas.
“A
Curiosity não vai testar a hipótese de vida em Marte diretamente, mas
eu acho que eles vão ser capazes de detectar gás metano. E se virem um
ritmo circadiano na liberação de metano para a atmosfera, será muito
coerente com o que vimos em nossa pesquisa”, conclui Miller.
Fonte: DN
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