No
Ceará, as cooperativas de crédito caracterizam-se pela maior atuação no
setor de serviços, com destaque para a área de saúde, concedendo
crédito para os profissionais da área, clínicas e pequenos negócios do
setor
FOTO: DIVULGAÇÃO
Em todo o País, cerca de 200 mil pequenos negócios são beneficiados pela concessão de crédito
O
Nordeste concentra hoje 26,7% das operadoras de microcrédito produtivo
existentes no País, caracterizadas como Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público (Oscip). A região está atrás somente do Sul e do
Sudeste, ambas concentrado 28% dessas instituições. Apesar disso, o
Nordeste é a região onde as operações de crédito realizadas possuem o
menor valor médio (R$ 1.800,00) e onde são encontradas as maiores taxas
de juros: 3,6% ao mês, mesmo valor cobrado no Sul. No Brasil, a média de
crédito ofertado por esse tipo de operadora é de R$ 2,8 mil, enquanto a
taxa média de juros fica em 3,4% ao mês.
As informações fazem
parte da pesquisa "Perfil das Instituições de Microfinanças no Brasil
(Oscip)", realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), em parceria com a Associação Brasileira de Entidades
Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (Abcred).
Conforme o
estudo, em todo o País, cerca de 200 mil pequenos negócios, entre
empreendimentos formais e informais, são beneficiados anualmente pelas
operadoras de microcrédito produtivo. Em média, cada instituição conta
com 1.953 clientes ativos, sendo 75% da clientela formada por pessoas
físicas e 25% formada por Micro e Pequena Empresa (MPE) ou
Empreendedores Individuais (EI).
A pesquisa contempla somente as
regiões do País, mas, de acordo com o diretor técnico do Sebrae Ceará,
Alci Porto, das cooperativas que atuam no Ceará e que são parceiras da
instituição, a Unicred Fortaleza é uma das maiores, possuindo mais de
seis mil cooperados. "No Ceará, a Unicred é uma das principais e a
atuação das cooperativas de crédito, de um modo geral, caracteriza-se
pela maior atuação no setor de serviços, com destaque para a área de
saúde, concedendo crédito não somente para os profissionais da área, mas
também para clínicas e pequenos negócios do setor. O Estado também
possui cooperativas que atuam na área de agronegócios, mas é muito
pouco, com duas operadoras no interior", afirma.
Para Alci Porto,
entre os benefícios que as cooperativas de crédito oferecem, estão a
integração e a possibilidade de discutir e definir a utilização dos
recursos disponíveis. "A cooperativa de crédito cria um patrimônio. Os
donos são os próprios empresários da cooperativa e, quem participa, pode
administrar os recursos da própria cooperativa, dentre outros
benefícios. É importante desenvolver a cultura de cooperativismo, que
não possui vínculo só com o crédito, mas também com o poder de barganha
junto aos fornecedores, dentre outros benefícios da integração", afirma.
Desafios
Apesar
das vantagens que oferece, o diretor técnico do Sebrae destaca que as
cooperativas de crédito ainda encontram muitos desafios no País,
principalmente no Nordeste, onde a fraca cultura associativista é um dos
principais obstáculos. "No Nordeste, ainda existe um grande
desconhecimento, por parte dos empresários, sobre as cooperativas de
crédito e os seus benefícios, sobretudo para os pequenos negócios. A
cultura não tem sido fácil para compor capital para fazer cooperativas
de crédito. Falta uma cultura associativista de crédito e as
cooperativas precisam ser muito atrativas para conseguirem concorrer com
os bancos", avalia.
De acordo com Alci Porto, a burocracia é
outra grande dificuldade enfrentada por aqueles que desejam formar uma
cooperativa de crédito. "As exigências para formar uma cooperativa de
crédito são tão grandes que se assemelham às necessárias para a abertura
de um banco. Se querem estimular o associativismo, a cooperação, não
tem sentido aplicar a mesma regra que a aplicada no setor privado, que
só visa ao lucro", ressalta. O diretor técnico do Sebrae Ceará defende
ainda que as cooperativas de crédito deveriam ter isenção tributária
paras todas as operações que elas realizam.
Recentes
Considerando
o cenário nacional, o estudo também mostra que a maioria das operadoras
de microcrédito são novas. Aproximadamente 60% dessas instituições
foram criadas entre 2000 e 2011. Sobre o patrimônio líquido, a pesquisa
mostra que a média das operadoras é de R$ 3,1 milhões, sendo que a
maioria (41,5%), possui patrimônio líquido de até R$ 1 milhão.
Com
relação aos clientes atendidos pelas operadoras de microcrédito, dos
25% de pessoas jurídicas, dois terços são Empreendedores Individuais e
3,6% representam MPE. O crédito médio aferido aos clientes MPE e EI
(R$2.839,91) foi 40% superior ao crédito dos empreendedores informais
(R$ 2.023,43).
No Nordeste, o prazo médio das operações do EI ou
MPE é de 10,4 meses, frente a uma média nacional de 11,5 meses. Dos
clientes MPE e EI, apenas 6,3% são inadimplentes, pagando as operações
com atraso.
Entre as garantias exigidas pelas instituições, estão
o aval, a garantia solidária, a garantia real e a fiança. Conforme o
estudo, para avaliar o montante a ser financiado, é realizada uma
análise de crédito por meio de um levantamento socioeconômico, com dados
da atividade e da família do empreendedor.
DHÁFINE MAZZA
REPÓRTER
Diário do Nordeste
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