segunda-feira, 16 de abril de 2012

Região Nordeste concentra 26,7% das operadoras

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No Ceará, as cooperativas de crédito caracterizam-se pela maior atuação no setor de serviços, com destaque para a área de saúde, concedendo crédito para os profissionais da área, clínicas e pequenos negócios do setor
FOTO: DIVULGAÇÃO
Em todo o País, cerca de 200 mil pequenos negócios são beneficiados pela concessão de crédito

O Nordeste concentra hoje 26,7% das operadoras de microcrédito produtivo existentes no País, caracterizadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). A região está atrás somente do Sul e do Sudeste, ambas concentrado 28% dessas instituições. Apesar disso, o Nordeste é a região onde as operações de crédito realizadas possuem o menor valor médio (R$ 1.800,00) e onde são encontradas as maiores taxas de juros: 3,6% ao mês, mesmo valor cobrado no Sul. No Brasil, a média de crédito ofertado por esse tipo de operadora é de R$ 2,8 mil, enquanto a taxa média de juros fica em 3,4% ao mês.

As informações fazem parte da pesquisa "Perfil das Instituições de Microfinanças no Brasil (Oscip)", realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (Abcred).

Conforme o estudo, em todo o País, cerca de 200 mil pequenos negócios, entre empreendimentos formais e informais, são beneficiados anualmente pelas operadoras de microcrédito produtivo. Em média, cada instituição conta com 1.953 clientes ativos, sendo 75% da clientela formada por pessoas físicas e 25% formada por Micro e Pequena Empresa (MPE) ou Empreendedores Individuais (EI).

A pesquisa contempla somente as regiões do País, mas, de acordo com o diretor técnico do Sebrae Ceará, Alci Porto, das cooperativas que atuam no Ceará e que são parceiras da instituição, a Unicred Fortaleza é uma das maiores, possuindo mais de seis mil cooperados. "No Ceará, a Unicred é uma das principais e a atuação das cooperativas de crédito, de um modo geral, caracteriza-se pela maior atuação no setor de serviços, com destaque para a área de saúde, concedendo crédito não somente para os profissionais da área, mas também para clínicas e pequenos negócios do setor. O Estado também possui cooperativas que atuam na área de agronegócios, mas é muito pouco, com duas operadoras no interior", afirma.

Para Alci Porto, entre os benefícios que as cooperativas de crédito oferecem, estão a integração e a possibilidade de discutir e definir a utilização dos recursos disponíveis. "A cooperativa de crédito cria um patrimônio. Os donos são os próprios empresários da cooperativa e, quem participa, pode administrar os recursos da própria cooperativa, dentre outros benefícios. É importante desenvolver a cultura de cooperativismo, que não possui vínculo só com o crédito, mas também com o poder de barganha junto aos fornecedores, dentre outros benefícios da integração", afirma.

Desafios
Apesar das vantagens que oferece, o diretor técnico do Sebrae destaca que as cooperativas de crédito ainda encontram muitos desafios no País, principalmente no Nordeste, onde a fraca cultura associativista é um dos principais obstáculos. "No Nordeste, ainda existe um grande desconhecimento, por parte dos empresários, sobre as cooperativas de crédito e os seus benefícios, sobretudo para os pequenos negócios. A cultura não tem sido fácil para compor capital para fazer cooperativas de crédito. Falta uma cultura associativista de crédito e as cooperativas precisam ser muito atrativas para conseguirem concorrer com os bancos", avalia.

De acordo com Alci Porto, a burocracia é outra grande dificuldade enfrentada por aqueles que desejam formar uma cooperativa de crédito. "As exigências para formar uma cooperativa de crédito são tão grandes que se assemelham às necessárias para a abertura de um banco. Se querem estimular o associativismo, a cooperação, não tem sentido aplicar a mesma regra que a aplicada no setor privado, que só visa ao lucro", ressalta. O diretor técnico do Sebrae Ceará defende ainda que as cooperativas de crédito deveriam ter isenção tributária paras todas as operações que elas realizam.

Recentes

Considerando o cenário nacional, o estudo também mostra que a maioria das operadoras de microcrédito são novas. Aproximadamente 60% dessas instituições foram criadas entre 2000 e 2011. Sobre o patrimônio líquido, a pesquisa mostra que a média das operadoras é de R$ 3,1 milhões, sendo que a maioria (41,5%), possui patrimônio líquido de até R$ 1 milhão.

Com relação aos clientes atendidos pelas operadoras de microcrédito, dos 25% de pessoas jurídicas, dois terços são Empreendedores Individuais e 3,6% representam MPE. O crédito médio aferido aos clientes MPE e EI (R$2.839,91) foi 40% superior ao crédito dos empreendedores informais (R$ 2.023,43).

No Nordeste, o prazo médio das operações do EI ou MPE é de 10,4 meses, frente a uma média nacional de 11,5 meses. Dos clientes MPE e EI, apenas 6,3% são inadimplentes, pagando as operações com atraso.

Entre as garantias exigidas pelas instituições, estão o aval, a garantia solidária, a garantia real e a fiança. Conforme o estudo, para avaliar o montante a ser financiado, é realizada uma análise de crédito por meio de um levantamento socioeconômico, com dados da atividade e da família do empreendedor.

DHÁFINE MAZZA
REPÓRTER

Diário do Nordeste

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