Secretário Eduardo Diogo disse que ontem mesmo encaminharia o documento denunciando o interesse em encerrar o contrato com a ABC
FOTOS: JOSÉ LEOMAR
Deputado Roberto Mesquita é um dos que defendem a ida do secretário Eduardo Diogo à Assembleia
O Estado ou a empresa para rescindirem o contrato não precisa realizar reunião, basta comunicação por ofício
Os
representantes da Administradora Brasileira de Cartões S/A (ABC) não
compareceram à reunião que estava marcada para manhã de ontem, com o
secretário de Planejamento e Gestão do Governo do Estado, Eduardo Diogo,
para tratar da rescisão do contrato para a administração dos
empréstimos consignados dos servidores estaduais. A empresa quer saber
dos termos da denúncia do contrato.
Para encerrar o contrato, no
entanto, não precisa de reunião entre as partes. Basta o Governo
oficializar, em documento, a denunciação do mesmo, de acordo com
cláusula contratual específica, observando os 90 dias estabelecidos. Do
mesmo modo pode ser feita pela empresa se entendesse não mais continuar
com o serviço.
Ontem, Eduardo Diogo voltou a dizer que o fim do
contrato com a empresa não tem ligação com as denúncias feitas por
deputados estaduais de oposição, sobre tráfico de influência e
improbidade administrativa no processo de concessão de empréstimos
consignados entre a ABC e as empresas Promus e CCI de Luiz Antônio
Ribeiro Valadares. Segundo Diogo, a rescisão acontece depois de uma
série de estudos feitos pela pasta desde o início do ano passado,
visando melhorar o modelo implantado para a concessão de empréstimos.
Prazos
"Nós
faremos a notificação para informar que os prazos da rescisão começam
hoje (ontem), e é isso que faremos. E em um segundo momento, vamos
discutir com os servidores públicos estaduais um novo modelo sobre os
créditos consignados no Ceará, e vamos trabalhar tecnicamente para ver
qual a melhor maneira de trabalhar com este novo modelo", afirmou
Eduardo Diogo.
O fim do contrato com a ABC seria assinado com
representantes da empresa e da Seplag, quando o superintendente da
instituição, Bruno Barbosa Borges, estava sendo esperado. Mas este não
compareceu e não enviou nenhum representante. O secretário diz não ter
interpretado a ausência como ofensa, uma vez que, segundo ele, quer ter,
durante os 90 dias, um bom relacionamento para se fazer o
encaminhamento técnico do novo modelo que deverá ser formulado junto com
os servidores públicos do Estado.
Modelo
"Nós
não identificamos nenhuma irregularidade. Este é o momento de modificar
o modelo que aí está. Do ponto de vista de contrato, não há nada de
errado", salientou Eduardo Diogo, afirmando, no entanto, que muitas
pessoas estariam insatisfeitas com o modelo de empréstimos apresentado
pela ABC.
"Existe um relacionamento, desde o final do primeiro
semestre do ano passado, para que a Caixa Econômica pudesse atuar no
oferecimento dos créditos consignados, no entanto, foi um processo que
não fluiu com a celeridade que a gente queria. E também em face do
contexto que todo mundo já sabe, que a gente pensou em um novo modelo
que pode até ser exemplo para todo o Brasil", explicou Diogo.
Questionado
sobre a possibilidade de os servidores que fizeram empréstimos, após a
confirmação de juros abusivos, terem suas dívidas renegociadas, o
secretário foi enfático em dizer que todo o processo que aconteceu
durante o contrato com a ABC não serão alterados.
Oposição quer ouvir o secretário
Apesar
de o secretário do Planejamento, Eduardo Diogo, ter assegurado que os
documentos enviados pela empresa Administradora Brasileira de Cartões
S/A (ABC) ao Governo, já estejam à disposição de todos os órgãos de
controle, por enquanto, os deputados estaduais afirmam que ainda não
tiveram acesso ao conteúdo deles. Na última sexta-feira, o Governo do
Estado do Ceará oficializou a decisão de rescindir contrato com a
empresa ABC.
O deputado Roberto Mesquita (PV) é um dos que querem
ter acesso a documentação. Ele disse não ter sido informado de que
essas informações estão disponíveis para a Assembleia Legislativa. Mas
além de verificar o que a ABC enviou à Seplag, o parlamentar deseja que o
secretário explique a questão dos consignados na Comissão de
Fiscalização e Controle da Assembleia.
"A Assembleia, a meu ver,
não pode tomar outra atitude que não seja chamar o secretário do
Planejamento para explicar, na Comissão de Fiscalização, o que esta
acontecendo nos consignados", pontuou, alegando que o Legislativo
estadual não pode ser omisso para com seu dever de fiscalizar o
Executivo.
Segundo Roberto Mesquita, faltam ainda muitas
explicações por parte do Governo, como o porquê "de tanto descaso" para
com o assunto, mesmo depois de várias denuncias terem sido feitas na
tribuna da Assembleia. Outro questionamento é o fato de o Governo não
conhecer as relações particulares entre empresas que faziam a ponte
entre os servidores e as instituições bancárias para a garantia dos
empréstimos.
"Isso é de domínio público. Em cláusula contratual
está posto que as empresas que prestam serviços (na garantia dos
consignados) devem ser credenciadas pela ABC e cadastradas pela Seplag",
destacou, criticando a postura do secretário que prometeu punição caso
as denuncias feitas sejam apenas reflexos de "discursos vazios".
Explique
De
acordo com o deputado Heitor Férrer (PDT), por enquanto, ele não teve
acesso a qualquer informação de que essa documentação passada pela ABC
está à disposição dos parlamentares. Para o pedetista, esse assunto não
se encerra agora. Assim como Roberto Mesquita, Férrer também defende que
o secretário Eduardo Diogo explique à Assembleia o que o Governo já
apurou até o momento sobre os consignados.
O líder do PT-PSB na
Assembleia, deputado Welington Landim (PSB), também concorda com a ida
do secretário ao Legislativo. Ele argumenta que o governador já deixou
claro estar aberto para as explicações, por isso não vê nenhum
impedimento para que Diogo trate do assunto com os parlamentares.
Diário do Nordeste
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